Uma esteira, dessas que supostamente assassinam calorias, é a melhor metáfora de todas: a pessoa corre ali e nunca chega a lugar nenhum. Pra completar o ciclo, o aparelho pode ser deslocado para qualquer lugar, inclusive na frente da televisão. Correr assistindo televisão. Percebam a surrealidade da frase. Ela coloca um elemento saudável (a corrida) e um agente causador de sedentarismo (a TV) na mesma sala. Literalmente. Acredito cegamente que, não muitos verões à frente, desfrutaremos do conforto de correr deitados.
Abre parênteses Mas a relação entre ambos não é nova, uma vez que a TV, ao ditar produtos corpos beirando a perfeição física como o padrão de beleza da geração atual, faz com que muitas pessoas corram para correr nas esteiras. Também ajuda a criar julgamentos baseados na aparência, como se a beleza física por si só designasse superioridade, embora o mundo na verdade seja controlado por pessoas que se assemelhariam mais ao estereótipo de nerds (Bill Gates, Steven Spielberg, Steve Jobs, J.J. Abrams, até o Obama tem cara de quem jogava Doom em rede quando era mais novo). Fecha parênteses
Enfim, me parece que o ambiente artificial anda muito mais atrativo do que o natural. E não vejo mal nenhum em facilitar as coisas. Confesso, entretanto, ter medo de um mundo que consegue unir as duas pontas da corda, como sedentarismo e saúde. O que vem a seguir, uma foto do Papa abraçado com Dan Brown? Temo pela minha sanidade. |