Idéia pra um curta: um cara jogando futebol com os amigos, como faz toda semana. Ele recebe a bola. Mas quando olha para os lados, o campo se estende até o horizonte, as goleiras passam da linha que divide o céu e a terra. Não há adversários por perto, nem companheiros de time. Não há quem driblar, não há pra quem lançar. Ele gira sozinho com a bola, procurando em vão uma jogada, um objetivo. Com o semblante pesaroso, ele pára e olha para os lados, sem saber o que fazer, lágrimas começando a brotar dos olhos. Ao virar o rosto para um dos lados onde o campo infinito ecoa o inescapável silêncio, ele apenas vê o placar eletrônico, e sua tristeza inicial começa a amadurecer para o pânico: o relógio continua contando. Toca ao fundo uma música melancólica, de três notas, pois botar mais do que três notas ali seria tentar colocar beleza onde ela não existe. O diretor termina com um fade out, pois é o caminho mais fácil e seguro, livre de julgamentos, desnudo de segundas intenções, um simples tijolo colocado em cima de outro, a fortaleza da mediocridade celebrada. The end.
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Tem dias em que eu queria ver o mundo da mesma forma que eu vejo o campo. |