Esse final de semana teve clima de Copa do Mundo: as eliminatórias européias começando e rodada também na América do Sul. Em ambas, resultados parecidos. A Argentina penando pra empatar em pleno Monumental de Nuñes abarrotado contra o líder (!) Paraguai, que saiu na frente. A Venezuela, apesar de não ter ganhado nessa rodada, pela primeira vez na história ousa pensar numa classificação. Na Europa, essas eliminatórias começaram com a França perdendo merecidamente para a Áustria, a Itália decidindo o jogo no finalzinho contra o Chipre (relatos dão conta de que o goleiro italiano Buffon foi o nome do jogo) e a badalada campeã européia superando a Bósnia em casa pelo placar mínimo.
Será que a inusitada copa da Africa terá resultados surpreendentes? As casas de aposta pagarão menos a quem palpitar que a final seja disputada entre os vencedores de Chipre X Tunísia e Venezuela X Albânia?
Pra falar a verdade, eu duvido muito. Trazendo um pouco de história, a gente percebe que toda copa tem uma seleçao desconhecida que rouba a cena e aparece como sensação do torneio, mas na hora de decidir, de mostrar quem tem mais bala na agulha, quem tem mais pedigree, essas seleções acabam por sucumbir. E daí a gente vê que, pelo menos na Copa do Mundo, a primeira impressão não é a que fica.
Foi assim com Portugal em 66 e 40 anos depois, o Peru de 70, Camarões e Colômbia em 90, a Romênia e a Bulgária na sensacional Copa de 94, a Nigéria de 98, a Turquia de 2002. Todas elas grandes seleções (guardadas as proporções e levando em conta a diferença de qualidade entre as Copas que cada uma dessas equipes disputou) que sem dúvida fizeram por merecer o destaque que despertaram. E talvez elas não tenham sido eliminadas por falta de qualidade, mas sim muito mais por falta de preparo para segurar a barra de enfrentar seleções mais tradicionais.
Por piores que pareçam os times montados pelas grandes potências, elas acabam sempre prevalecendo, ainda que as vezes por motivos que nos são ocultos. Não é a toa que a última seleção estreante em uma final de Copa do Mundo foi a lendária Holanda de 74. E mesmo assim acabou perdendo!
Disso tudo eu tiro a conclusão que a graça de acompanhar uma Copa do Mundo é muito parecida com o entusiasmo de assistir a um bom filme: A gente sabe que o roteiro vai acabar sendo conduzido para a vitória do bem (ou, no caso, sempre a vitória do mesmo lado), mas acabam sendo criadas circunstâncias tão adversas que somos obrigados a tirar o chapéu para o diretor, que encontra uma forma de levar a história para o caminho esperado mesmo depois de deixar o espectador sem esperanças disso.