Acabaram as olimpíadas. Do Brasil, não sei se esperávamos muito mais do que a vigésima terceira posição no quadro de medalhas. O que incomoda é que hoje já não cabe mais aquele discurso de “Coitadinho! Não recebe apoio! Tem que treinar só com a própria força de vontade e deve ser considerado um herói do povo brasileiro só pelo fato de conseguir chegar a uma olimpíada.” Não! Tínhamos favoritos! Campeões mundiais em suas modalidades que, na hora de mostrar isso pra todo mundo e se tornarem ídolos, refugaram. Fizeram fiasco mesmo.
Tivemos três oportunidades concretas de medalhas de ouro que, assim como nosso governo, os atletas deram de mão beijada aos estadunidenses. E o que é pior: essas derrotas nos deram a prata! Não serviram sequer para contribuir com a campanha vigente nesses jogos: “Brasil, um país tropical bronzeado por natureza.”
A gente tem noção de que grande parte dos atletas realmente não tinha grandes chances e que eles foram apenas para fazer número. Mas aqueles que deviam ter se consolidado como grandes nomes do esporte mostraram uma característica marcante do brasileiro: o complexo de inferioridade. A gente não sabe lidar com o favoritismo e não está preparado para lidar com a pressão de estar obrigado a vencer. Enquanto continuarem passando a mão nas cabeças dos nossos perdedores, esse vai ser o exemplo de comodismo que o esporte vai passar para os mais novos. E, assim, ao invés de cumprir o papel social que deveria; o esporte continuará sendo, como no Pan 2007, mera ferramenta de politicagem, estacionando num patamar muito inferior do que deveria ocupar.
Se servir de consolo, a Argentina foi a trigésima quinta, não honrando o nome e ficando sem nenhuma medalha de argenta, ganhando apenas ouro no ciclismo e, denovo, no futebol (conquista mais óbvia do que as de Phelps nas piscinas). Tudo bem, 2010 vem aí com um evento esportivo de verdade, espero. |