A contratação do então volante Diego Souza, no início do ano, deve ter provocado perguntas na cabeça dos gremistas - afinal, não apenas tínhamos o melhor jogador brasileiro da posição como outros reforços eram mais urgentes. No entanto, o ex-flamenguista provou ser um dos mais coerentes investimentos da direção tricolor, pois se tornou um excelente meia irritante: conduz a bola de forma lenta e displicente, quase com arrogância, mas sem perder o controle. Ao chegar nas imediações da área adversária, escolhe com calma um canto da goleira, enquadra o corpo e enfia uma paulada, normalmente com precisão impressionante e ótimos resultados. Deu ao Grêmio a lucidez e inteligência que faltavam.
Enquanto isso, na Legião do Mal, a CBF fez exatamente o contrário: contratou um volante de contenção para dar criatividade e originalidade a um time sem graça. Na verdade, o papel de Dunga na seleção brasileira é apenas tornar a vitrine para o mercado europeu mais palatável frente ao público brasileiro, assim como um escritor meia-boca inventa um passado sofrido para fazer os leitores gostarem mais de seu anti-herói - uma posição desconfortável para alguém que já deu a volta por cima e trouxe a Copa do Mundo, podendo literalmente esfregar ela na cara dos críticos. E tudo bem, foi uma brincadeira legal, e de repente o Brasil até ganha a Copa América... mas convenhamos, a vida não é um conto de fadas, e o Dunga não está preparado para fazer a transformação radical que a CBF precisa. Então está na hora de colocar o cara onde ele possa gritar, xingar e atacar jogadores, torcida, imprensa e quem mais vier pela frente, do jeito que sempre gostou.
Ou seja, na arquibancada. |