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O ciclo da violência
André - 07 fevereiro 2006 - 12:01
"Munique" começa mostrando o ataque terrorista do Setembro Negro, mas não é sobre isso o filme. Aliás, até mesmo o título aparece na tela misturado com centenas de nomes de outras cidades - ou seja, aquilo poderia ter acontecido em qualquer lugar, em qualquer país. Como exemplo, temos a paranóia que atualmente toma conta dos grandes eventos como olimíadas e Copa do Mundo. Apesar de ilustrar um acontecimento de trinta anos atrás, ainda é atual.

Não, o espetacular filme de Spielberg não é sobre o atentado, e sim sobre a retaliação do MOSSAD aos terroristas que estiveram envolvidos (direta ou indiretamente) com o atentado. Liderada por um homem chamado Avner, a equipe caça cada alvo pela Europa, e se mostra bastante eficiente. Pelo menos no início...

Avner é um homem normal. Como qualquer outro. E seu empregador faz questão de dizer que é exatamente por isso que ele foi contratado. Portanto, conforme a história vai se desenvolvendo, ele começa a se questionar a verdadeira importância da missão, já que ela o deixa longe da família e sempre envolvido em situações perigosas. A paranóia vai tomando conta do homem comum, que - antes uma pessoa normal - começa a "se acostumar" com os assassinatos que precisa cometer, o que fica claro quando atacam uma pessoa que não tem a ver diretamente com a missão. Foi um ataque de vingança pura. E quanto mais ele entra nesse mundo, menos humano se torna, considerando as mortes irrelevantes até o momento que percebe a inutilidade de tudo.

Mas o filme também não é sobre um homem comum em situações extremas. Pelo menos não APENAS sobre isso. Sem tomar partido, Spielberg mostra com uma crueza real o significado da expressão "Olho por olho vai nos deixar cegos". Para cada assassinato orquestrado por Avner e sua equipe, há uma retaliação por parte dos terroristas contra Israel. Que leva a outro ataque contra os terroristas (o empregador de Avner deixa claro que eles não eram a única equipe nessa missão). O diretor não tenta justificar nenhum dos lados, apenas mostra como o desejo e a necessidade de vingança, de não se mostrar "fraco", é exatamente o que move os ataques. Cada pessoa que a equipe de Avner mata é uma PESSOA, e não apenas um TERRORISTA: um é professor, o outro é doutor... pessoas inteligentes que entraram nessa história JUSTAMENTE por causa do ciclo, porque temem ser atacadas. O mesmo acontece do outro lado: os judeus são inteligentes, coerentes, mas não recuam por medo de serem atacados. E isso vai alimentando cada vez mais esse monstro, que cresce exponencialmente. Em determinado momento, um terrorista - tentando justificar seus atos - diz "Precisamos ser mais fortes do que eles". Um tempo depois Avner, quando questionado por um companheiro se não era hora de parar, se tudo não era em vão, responde "Precisamos ser mais fortes do que eles". Aquele que, em teoria, estava CAÇANDO os terroristas, se iguala a eles. Ou seria o contrário?

De qualquer jeito, em Munique não existem estereótipos, soluções fáceis ou mesmo soluções. Um tijolaço de Spielberg, que nos mostra o que o medo pode fazer, e o espectador deixa a sala com a cabeça fervilhando de idéias. Certamente Munique vai ter impacto naquelas pessoas (eu entre elas) que, ao olhar notícias de ataques no jornal, pensam "Meu Deus, que horror, ainda estão se matando" e logo viram a página para ler os esportes. Mas, no final das contas, o ciclo da violência no filme - entre judeus e palestinos - é apenas ilustrativo. Ele acontece em qualquer lugar do mundo. Em qualquer época. E com qualquer pessoa.
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