Acho que é bem comum os sonhos serem associados a alguma atmosfera meio lírica e sobrenatural, sabe, aquelas coisas de voo, céu, animais que não existem, leis da física sofrendo bullying, situações impossíveis e esse tipo de coisa, e esses são sempre os aspectos mais discutidos a respeito. Entretanto, nestas vinte e nova trôpegas voltas que dei ao redor do sol até hoje, percebi que a grande sacada dos sonhos é potencializar sensações aparentemente comuns: a paisagem é sempre impressionante, as luzes das ruas têm aquele brilho cinematográfico, os prédios e casas e lojas e construções ganham personalidade, o tempo é ideal mesmo quando chove, o espaço ao redor sempre possui algo novo, todas as situações que se apresentam são eletrizantes e empolgantes e até as mais humildes trazem junto uma atmosfera de aventura constante, as pessoas existem naquele estado alucinado onde tudo que acontece é grandioso e envolvente, e, mais do que isso, a identificação com elas acontece de forma fluída e cativante e a compreensão mútua é quase utópica, como se elas fossem parte de nós (e são).
Assim, não tenho escolha a não ser rejeitar a frase "a cidade que nunca dorme". Porque, por tudo que me vez viver e sentir e experimentar, compreendo que a cidade de Nova Iorque exista eternamente enquanto um sonho. |