Direção: Pete Travis Roteiro: Alex Garland, baseado nas personagens de Carlos Ezequerra e John Wagner.
Elenco
Karl Urban (Juiz Dredd) Olivia Thirlby (Anderson) Lena Headey (Ma-ma)
O Juiz Dredd e Anderson, uma juíza novata, são chamados em uma torre de babel genérica em Mega City One pra investigar um McGuffin. Logo eles se veem trancados lá com uma gangue sanguinolenta e a cobra começa a fumar sanguinolentamente enquanto Dredd e Anderson atacam seus inimigos com frases de efeito e balas (nesse nível de LETALIDADE).
Dredd é o filme que Os Mercenários deveria ter sido: joga em cena uma premissa básica, simples, só para que possa construir cenas de ação sensacionais e fazer suas personagens obliterarem tudo com diálogos curtos e certeiros. É um filme que não se leva a sério - e isso não significa que é um pastelão avacalhado, e sim que compreende sua dimensão de ser "apenas" um filme de ação, ao invés de apelar pro "vamos tornar isso sério fazendo com que o protagonista investigue uma conspiração que, ao final, eventualmente incluirá alguém do alto escalão da polícia/CIA/SWAT/força onde o policial está".
E, como todo bom filme de ação desenfreada, tem uma mina gata.
Elenco
Mark Wahlberg (John Bennett)
Mila Kunis (Lori Collins)
Seth McFarlane (Ted - voz)
John Bennett é um garoto solitário e desprezado pelas crianças da vizinhança. Até que um dia, achando que o mundo é um filme da Disney, ele deseja que Ted, seu ursinho de pelúcia ganhe vida - o que acaba acontecendo. Anos depois, John é um adulto infantil, preguiçoso e sem rumo na vida, mas que pega a Mila Kunis, o que anula todos os outros defeitos, e continua com a parceria de seu amigão Ted para fumar maconha, ver Flash Gordon e disparar tiradas politicamente incorretas.
Aliás, "politicamente incorreto" é uma palavra que define bem Ted (vejam bem, eu escrevi "politicamente incorreto", e não "nojeira + sexo". Achei melhor explicar porque algumas pessoas confundem os dois, né Todo Mundo em Pânico?). É como se o filme começasse 20 anos após um "final feliz" da Disney, elaborando como seria a situação e subvertendo completamente aquele conceito de história fantástica. E o melhor, faz isso com personagens assaz carismáticas, CGI anabolizado e fuzilando tudo com diálogos vitoriosos.
O futebol brasileiro não é mais o melhor do mundo. E isso é mais velho e óbvio que os gols do Cesinha no Elifoot 98. Mas não é só nisso que eu vou ficar. Ele perdeu a sua identidade por culpa do seu treinador e uma mudança na escolha de suas peças. Eu explico:
Em 2006, o hoje técnico da Seleção Brasileira, "Primo" Menezes (porque eu já prefiro aos poucos afastar qualquer parentesco com esse cara hoje em dia) treinava o Grêmio num 4-4-2 com Lipatin no elenco, acreditem, e por motivos óbvios tinha que arranjar uma forma de parar o Inter na final do Gauchão, time que estava prestes a ganhar a libertadores e o mundial ali na frente. Foi ali, e BEM ALI (aos corinthianos de plantão), que ele inventou de usar 1 atacante só, com 5 jogadores no meio. Meses mais tarde a distribuição foi se delineando para 2 meia-atacantes bem abertos nas pontas, dois volantes que saíam para o jogo, nas meias, e um "volante-voltante", como sei lá quem anda dizendo por aí, centralizado.
Esse time, em 2007, chegou à final da libertadores com Diego Souza e Carlos Eduardo, de ponteiros, Tcheco e Lucas, de volantes que chegavam à frente, e o Gavillán, de volante mais recuado.
No Corínthians, pouco mais à frente, o treinador teve de readaptar o meio de campo, puxando mais pra frente o cara centralizado, aí sim usando um camisa 10, o Douglas, com os dois volantes que saem pro jogo atrás dele. Isso deu bem certo, considerando que o time podia treinar todos os dias e o único centroavante do time era o Gordo Fenômeno.
Esse "esqueminha" tem tudo a ver com o tal 4-2-3-1 que tantos falam ser o padrão na Europa. Eu confesso que não presto muita atenção no esquema dos times europeu, até porque ver o Barcelona jogar me enrola totalmente. Mas se, de fato, eles jogam assim, o "Primo" nada mais fez do que levar pra seleção um esquema mais europeu de jogar, correto?
Se você puxar na memória, o "Primo" chegou lá na CBF dizendo que iria jogar no 4-3-3, uma mentira deslavada que eu já percebi antes da primeira escalação. O esquema é o mesmo do Grêmio e do Corínthians, com os 5 no meio de campo. Tudo bem até aí. Agora é que começa o problema:
Já reparou que neste período pós Copa do Mundo a maioria dos jogadores convocados do meio pra frente jogavam no Brasil? E você já reparou que a imensa maioria dos times grandes do Brasil joga no 4-4-2? Você já reparou que o Santos, com Neymar, joga no 4-4-2, sendo o Neymar segundo atacante?
Óbvio que não dá pra comparar muito, mas no último jogo contra a China, naqueles 8x0, o Neymar fez 3 gols. O mesmo Neymar que joga quase nada na seleção, naquele jogo apareceu! Reparou quem era o centroavante do jogo? Pois é, não tinha, era só o Neymar... com o Hulk e o Lucas nas pontas...
Reparem que o esquema da nossa seleção não tem "liga" com os esquemas que os jogadores treinam, e o treinador parece não se tocar disso, fixando uma forma de jogar com cara mais européia, e isso sem contar as óbvias más convocações dele. E considerando que a safra fora do país não ajuda muito e há um apelo de vários lados para levar mais e mais jogadores que jogam aqui, a coisa não parece ter muita solução.
Nesta quarta-feira, vamos ver muito provavelmente um time com centroavante, com o Neymar jogando na ponta e, seguidamente, correndo pro ataque, fugindo do esquema do treinador e criando um buraco onde não deve. Acredito que a experiência do Luis Fabiano naquela zona do campo ajude, mas não dá pra saber se ele joga. Antes de criticarmos os jogadores, é necessário entender que muito dos erros não são por culpa deles, principalmente de posicionamento e erro de passes. É preciso que o treinador enxergue de forma "macro" a situação e, com base nisso e no que seus jogadores realizam nos clubes, monte o esquema tático mais adequado e coloque na nossa seleção aquilo que, realmente, o Brasil tem de melhor, seja na parte técnica ou tática.
Não sou crítico literário, nem manjo de literatura (ao contrário de outras áreas onde transbordo excelência, como bater o joelho em quinas de mesinhas), mas, como qualquer pessoa com um blog, resolvi colocar aqui algumas opiniões sem nenhum embasamento na esperança de que tenha utilidade pra alguém:
Onde os Velhos Não Têm Vez - Cormac McCarthy
Dos livros do McCarthy que eu li, talvez Onde Os Velhos Não Têm Vez seja o menos pesado - e isso que se trata de uma história com um psicopata alucinado, tráfico de drogas, assassinatos entre gangues e um xerife filosoficamente pessimista. Ainda assim, é um veículo mais que apropriado para o escritor criar uma história envolvente, com personagens e diálogos vitoriosos ("gastei metade do dinheiro em uísque e mulheres. O resto eu desperdicei") e aquela escrita ao mesmo tempo rebuscada e fluida, que consegue tornar até os momentos mais violentos (e acreditem, existem momentos violentos. Iraque é um carrinho de algodão-doce perto do livro) cheios de puro lirismo. Além disso, McCarthy também aborda de forma profunda a incapacidade das pessoas de entenderem o novo mundo, de se encaixarem em um contexto brutalmente diferente daquele onde cresceram. Aliás, mais até: de ACEITAR esse novo mundo como o "normal", a coloquialidade, fugindo dele justamente por considerar inaceitável fazer parte desse novo cenário.
Pode ser também que eu já tenha pegado o livro com uma pré-disposição a gostar, já que sou extremamente fã do filme. Mas é só uma hipótese.
Eu tenho um problema com as bulas de remédio. Tenho um problema com muitas coisas, na verdade, incluindo sobremesas desprovidas de chocolate e qualquer convocação da seleção brasileira de 1995 pra cá (sentimento que Nick Hornby descreveu tão bem no magistral Febre de Bola), mas as bulas realmente são danadas. Vejam bem, eu sou um sujeito facilmente impressionável. Quando vi Sinais no cinema, 18 anos e quase meio cavanhaque na cara, fiquei tão apavorado que, ao voltar pra casa, olhava para os lados para ver se algum dos alienígenas do filme ia dar as caras por ali (felizmente, nenhum deles. Só alguns poucos usuários de crack. Alívio). Assim, toda vez que eu leio uma bula de remédio, e meu olho se choca com aquele espaço intitulado "efeitos colaterais", eu passo imediatamente a sentir cada um deles.
PROVA EMPÍRICA: Teve um ano que eu tomava muito Plasil. Muito. Tipo, quase todo dia. Ok, talvez nem tanto. Enfim. O Plasil sempre me dava uma leve sonolência, que eu considerava normal. Daí um dia, provavelmente possuído pelo demônio, fui ler a bula do dito-cujo. E descobri que eu estava errado - ele não dá sono, dá MUITO sono, e meu organismo rapidamente se adaptou às novas informações. Também descobri que ele podia causar depressão, e adivinhem? Cada vez que tomava Plasil, me transformava em um filme do Iñarritu. FIM DA PROVA EMPÍRICA
Afinal, o que as bulas entregam de bom? Qual o efeito delas, a não ser uma futura miopia graças às letrinhas em fonte tamanho dois dividido por quatrocentos e oito? Pensem bem, a informação da bula nada mais é do que o truque por trás da mágica - e, sem o mistério, a mágica não funciona. Imaginem se a Coca-Cola viesse escancarando tudo que os caras usam pra fazer um líquido preto e gasoso e viciante, ou que, ao invés das fotos bonitas e sacadinhas de texto, o McDonalds colocasse nas caixinhas dos sanduíches que eles são feitos com CARNE DE RENA TRANSGÊNICA. As pessoas imediatamente passariam a sentir o gosto da rena transgênica, ou do sangue de alien usado pra deixar a Coca-Cola preta.
Acredito que existam duas soluções possíveis. A primeira, mais radical, é aniquilar, triturar, desossar e saquear todas as bulas de remédio do mundo. A segunda, mais moderada (e preferida pela Globo), é utilizar expressões coloquiais na parte de efeitos colaterais - ao invés de "sonolência", colocar "dá um baque no cara"; ao invés de "depressão", colocar "tipo mina levando toco"; ao invés de "pressão baixa", colocar "trabalhar no funcionarismo público". E assim por diante. Afinal, é a ilusão, e não a risada, o melhor remédio.