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André - 15 julho 2010 - 21:01
Imagine o seguinte: você paga ofensivos quinze reais para assistir a um filme em uma grande rede de cinema. Daí aquele seu amigo malandrão chega na sua casa com um dvd do mesmo filme, em uma embalagem tão oficial quanto o título mundial do Corinthians. E ele se gaba de tal façanha, tal qual um garoto que conseguiu amarrar os sapatos sozinho pela primeira vez. Para ele, pagar cinco reais por algo que os outros pagam quinze para ver é o supra-sumo da esperteza.

Agora imagine esse seu amigo, esse recanto de sabedoria das ruas, comprando um tênis da Nike. Ele não vai chegar na sua casa com um tênis da "NÁIQ" se gabando de sua esperteza, vai? Ele não vai fazer TROÇA porque conseguiu uma versão pirata e mais barata, vai? Ele não vai Twittar algo como "malandragem não se consegue, se tem" por causa disso, vai?

É claro que não. Porque um produto da Nike tem um status, um valor simbólico que vai além do plano físico. Já possuir um dvd original, por exemplo, não tem status nenhum pra boa parte das pessoas, e por isso eles podem valer-se de canais ilegais para buscar tais produtos - embora diversas campanhas publicitárias alertem de novo e de novo para os malefícios causados pela pirataria.

Qual a lição que fica? Simples: status é o que realmente importa. As pessoas não são CONSCIENTIZÁVEIS, mas são manipuláveis. Para uma causa dar certo, basta atribuir a ela um valor simbólico, um status inexistente, que voluntários vão se multiplicar feito juros de banco. Aí já sabem, né: o canal é colocar o Cristiano Ronaldo batendo uma bola com filhotes de focas, contratar a Lady Gaga para gravar o hit Hungry Face e gravar um vídeo da Sara Carbonaro e do Casillas se pegando dentro do mar onde uma grande empresa derramou óleo. É batata.
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