uno, dos, tres...
André
Bruno
Kleiton
Laura
Leandro
Rafael
Thiago
14

hello, hello!
Cão Uivador
Dilbert blog
Forasteiro RS
GPF
Improfícuo
La'Máfia Trumpi
Limão com sal
Malvados
Moldura Digital
Notórios Infames
PBF archive
Wonderpree

hola!
Feliz Segunda-Feira
Classe descompromissada
Copa do Mundo 2010
Querido diário
Feliz Segunda-Feira
Os jogos são melhores do que os filmes
A Fantástica Loja de Trocadilhos
Série "Todo Mundo em uma Ilha"
Feliz Segunda-Feira
Série "Todo Mundo em uma Ilha"

Swinging to the music
A 14 Km/seg
Expressão Digital
Peliculosidade
Suando a 14
Tá tudo interligado
Cataclisma14 no Pan
Libertadores 2007

dónde estás?


all this can be yours...





RSS
E eu com esses números?
André - 17 junho 2010 - 20:25
Navegando pelos mares bacanas do The Frontal Cortex, do ótimo Jonah Lehrer (já falei sobre um livro dele aqui no Cataclisma), me deparo com este post, onde ele discorre sobre como grandes sistemas não podem ser analisados ou definidos com equações ou telescópios. Peço licença para traduzir livremente um parágrafo que enche meus olhos de lágrimas:

Karl Popper, o grande filósofo da ciência, uma vez dividiu o mundo em duas categorias: relógios e nuvens. Relógios são diretos, sistemas ordenais que podem ser resolvidos através de redução; nuvens são uma bagunça epistêmica, "altamente irregulares, desordenadas, e, na maior parte das vezes, imprevisíveis". O erro da ciência moderna é achar que tudo é um relógio, e é por isso que somos seduzidos de novo e de novo pelas falsas promessas de scanners cerebrais e sequenciadores de genes. Queremos acreditar que vamos entender a natureza se encontrarmos a ferramenta exata para cortar suas articulações. Mas essa abordagem está destinada a falhar. Não vivemos em um universo de relógios, mas sim de nuvens.

De uns tempos pra cá, a humanidade desenvolveu um fetiche devastador por números. Centímetros, metros, calorias, datas, euros, dólares, reais, porcentagem de erros, de acertos, dados, proporções. É como se um número pudesse, por si só, justificar uma verdade. Estamos querendo decidir as coisas através deles, como se um argumento ou opinião muito bem elaborados empalidecessem frente a um totalitário conjunto de dois e cincos, quatros e zeros ou qualquer coisa assim. Porque daí não há mais a dúvida, não há mais a dubiedade, não há mais a discussão, não há mais a derrota.

Mas os números não enxergam tudo: este nosso universo está repleto de nuvens. Ter 102 cm de quadril e 70 cm de cintura não torna uma mulher bonita ou feia; faturar 900 milhões de dólares mundo afora não torna um filme bom ou ruim; analisar as estatísticas de um jogador de futebol não é o suficiente pra saber se ele joga bem ou não.

Porque nem tudo pode ser quantificado, assim como, acredito, tantas outras coisas não podem ser qualificadas. Não a toa Douglas Adams usou o "42" como resposta para a "questão da vida, do universo e de tudo mais": o inglês nonsense estava zombeteiramente jogando na nossa cara a nossa crença de que há uma resposta certa e absoluta, indiscutível, tão certeira e definidora quanto apenas um número pode ser.

E como sempre, Calvin e Haroldo ilustram a discussão de forma muito mais profunda, clara e estilosa do que eu:

Comentários: 1