Dizem as profecias que, a cada quatro anos, Deus desce escondido até a Terra. Ele então vaga incógnito por todos os países, convocando os melhores dentre os melhores, aqueles com capacidade de decidir uma vida em um segundo. E todos esses escolhidos são reunidos em um só lugar sagrado, onde entram em confronto, colocam suas habilidades à prova, suam sangue e respiram emoção, onde tentam escalar seu caminho até a glória máxima. Um Olimpo digno de seu nome. E nesse Olimpo o vencedor será eternamente lembrado por seus feitos. O sonho que acompanha o coração de cada homem deste planeta: a imortalidade.
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A Copa do Mundo até poderia ser definida deste jeito. Mas não estaria correto. Não é grandioso o suficiente, não é emocionante o suficiente. A Copa do Mundo, na verdade, é Deus acertando a Terra com o lado de fora do pé em um sensacional lançamento de trivela, ou dando um carrinho que corta a Via-Láctea. Ela nada mais é do que aquilo de mais puro que existe no coração do homem: futebol, diversão irracional e palavrões lançados sem perdão. A Meca de muitos e muitos bufões bêbados, cujos deuses vestem uniformes coloridos e penteados ruins, cuja ânsia por vitória se reflete em cantos mal ensaiados. Uma ode à simplicidade boêmia e infantil e troglodita que é a base de todo grande ser humano. E ao vencedor, as cervejas.
A Copa do Mundo começa amanhã. Acompanhem diariamente o torneio lá nos Imparciais, onde todo o falso romantismo futebolístico será substituído pela ácida e divertida verdade, nada mais que a verdade, em nome de Cesc Fabregas. |