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Os jogos são melhores do que os filmes
André - 06 junho 2010 - 17:57
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo (Prince of Persia: The Sands of Time)
3/5

Direção: Mike Newell
Roteiro: Boaz Yakin, Doug Miro e Carlo Bernard, baseados no jogo criado por Jordan Mechner.

Elenco
Jake Gyllenhaal (Dastan)
Gemma Arterton (Tamina)
Ben Kingsley (Nizam)

Recolhido das ruas pelo rei da Pérsia, Dastan torna-se um príncipe e um praticante de PARKOUR. Mas quando o rei é assassinado e a culpa recai sobre ele, o guri precisa dar no pé com a princesa Tamina (também conhecida como BENZADEUS), provar sua inocência, descobrir quem está por trás da conspiração, impedir que essa pessoa libere uma tempestade de areia que vai deixar o mundo comendo POEIRA e, ao mesmo tempo, dar retorno financeiro suficiente pra faze de Príncipe da Pérsia o novo Piratas do Caribe da Disney.

Filmes baseados em videogames geralmente são ruins. Bem ruins. Dolorosamente ruins, digo. Mas quando o Jerry Bruckheimer pegou uma franquia clássica, sabia que ia mexer com os BRIOS da galera - então chamou Mike Newell, que provou ser um bom contador de histórias blockbusterianas em Harry Potter e o Cálice de Fogo, e fez a coisa acontecer de forma decente.

"Uma adaga mágica? Ora, CORTA ESSA, princesa."

Digo "decente" porque não dá pra ignorar algumas (ok, várias) CHOCARRICES da película. A velha história de "casal-que-se-estapeia-e-depois-se-pega" é uma solução fácil demais, e torna tanto Dastan quanto Tamina personagens unidimensionais pacas. Assim também é toda a trama da conspiração, que, para tentar ludibriar o espectador quanto aos envolvidos, aposta em situações tão forçadas quanto o primeiro encontro entre um rapaz e seus sogros (a cena onde culpam Dastan pela morte do rei, por exemplo). De certa forma, o roteiro se preocupa apenas em colocar as personagens em situações-chave onde cenas de ação DESCEREBRADA e graficamente computadorizada possam ocorrer. Algumas elipses também incomodam bastante, deixando o espectador momentaneamente se perguntando "UOU COMO ELES CHEGARAM ALI?", o que compromete a fluídez da narrativa. Mas no geral a estrutura convencional de formação do herói é mantida, e, se isso não é lá um arranha-céu de criatividade, ao menos trabalha com elementos e conceitos com os quais o público já está familiarizado. O típico "ok, sei que ela não é lá muito gata, mas vou pegar de novo porque sei que ali rola sexo".

Só que o Mike Newell é um cara legal. Até imagino ele tendo que segurar Jerry Bruckheimer numa coleira enquanto este corria babando pelo set gritando "efeitos especiais, explosões, efeitos especiais!", e falhando eventualmente. Porque no geral a parte visual de Príncipe da Pérsia é bastante competente: o diretor não tem medo de planos grandiosos, onde cidades construídas digitalmente soam bastante críveis, onde câmeras voam por cima de muros, onde Dastan saltita serelepemente de telhado em telhado. Aliás, as soluções visuais encontradas por Newell para traduzir os desafios dos chamados "jogos de plataforma" para a telona são o ponto alto do filme. Sempre criativas e dinâmicas, elas ocorrem de forma que o público identifique ali a ação videogamística e seja bombardeado com tiros de adrenalina. E embora algumas cenas de ação sejam exageradas e tenham câmeras lentas demais e as coreografias não sejam muito inventivas, o olho competente do diretor para fazer os planos funcionarem e detalhes (o céu aparece com a luz estupidamente estourada, quase branco, construindo todo o clima de calor opressivo no deserto), somados com trilha e direção de arte supimpas, tornam a narrativa agradável no geral.

Como Dastan, o herói viking e devastador da película, Jake Gyllenhaal consegue apenas fazer cara de URSINHO PIMPÃO. Sério. Eu realmente acho o sujeito um bom ator, mas ele realmente não convenceu no papel do cara que OPERA a jugular dos inimigos ao mesmo tempo que fica com a mocinha. Aliás, Gemma Arterton também não é das mais expressivas como a princesa Tamina, mas ela tem charme e possui todos os quilos muito bem distribuídos pelo seu corpo, então tá em casa. O resto do elenco se limita a olhar com cara de mau pros lados e fingir que eles realmente têm importância.

O que realmente, mas REALMENTE atrapalha Príncipe da Pérsia, é o seu final, uma grande PATAQUADA que foi colocada ali apenas pras coisas acabarem felizes. O tipo de apelação que atira o espectador pra fora do filme, que soa tão artificial e repugnante quanto aquele seu amigo que só passa da segunda fase do jogo usando algum derivado do código Konami.

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