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Lua Nova, filme minguante
André - 22 novembro 2009 - 21:03
Lua Nova (The Twilight Saga: New Moon)
2/5

Direção: Chris Weitz
Roteiro: Melissa Rosenberg, baseada no livro de Stephanie Meyer

Elenco
Kristen Stewart (Bella Swam)
Robert Pattinson (Edward Cullen)
Taylor Lautner (Jacob Black)

Basicamente, Lua Nova é uma temporada inteira de Malhação condensada em duas horas e somada com alguns monstros clássicos do cinema (vampiros, lobisomens e, o pior de todos, diálogos risíveis), além de dramalhão rasteiro suficiente para desativar o cérebro de uma pessoa.

Vocês já assistiram ao divertido Ele Não Está Tão Afim de Você? A protagonista de Lua Nova não. Seria algo como "se o seu namorado vampiro disse que vai se afastar para proteger você, ELE NÃO ESTÁ TÃO AFIM DE VOCÊ! Se o seu pretendente lobisomem disser que vai embora para a sua segurança, ELE NÃO ESTÁ TÃO AFIM DE VOCÊ!". E o filme é basicamente isso: a mina toma toco do chupador de sangue, depois do pulguento, fica se lamentando pelos cantos e então entra uma cena de ação com efeitos especiais pra justificar o orçamento.

Lua Nova não tem uma história. Se o sujeito for um arqueólogo, ele até consegue escavar algo ali - o estabelecimento dos lobisomens na narrativa, por exemplo. Mas simplesmente não há atenção nenhuma pra isso. O que acontece é Bella choramingando o tempo todo por um vampiro purpurinado (que fatalmente torce pro São Paulo). E acredite, quando estão juntos, a coisa é ainda pior. Caso a moça se atrase cinco minutos para um encontro, Edward dirá "esperar por você estes cinco minutos foi a coisa mais difícil que fiz em 100 anos". Se ela pede pra mudar de canal na TV, ele concorda e diz "você é tudo pra mim, farei o que você quiser, até assistir Hebe". Parece que todos os diálogos do filme são trechos de músicas sertanejas.

Então, como vocês devem imaginar, a película não flui muito bem. Aliás, ela não flui. Aliás, na verdade, ela é uma das melhores metáforas para aqueles congestionamentos bíblicos no trânsito de São Paulo - inclusive quero lançar aqui oficialmente a nova gíria, a ser usada em situações como "querida, sinto muito, vou chegar tarde, estou em um engarrafamento LUA NOVA aqui". E a tentativa de dinamizar a coisa tocando músicas de bandas conhecidas e deprês a cada cinco minutos só piora tudo. Sério, eles realmente imaginaram que uma trilha pra baixo e uma fotografia meio monocromática seria suficiente pra tornar o filme "profundo"? Vamos lá, que tal um pouco de consideração pela inteligência do público? Se bem que não dá pra esperar muito de uma obra onde, após a cena onde todos vêem o garoto Jacob se transformar num VIRA-LATAS VITAMINADO, a mocinha chega pra ele e pergunta "então, você é um lobisomem?". Pro caso de alguém confundir a transformação com alguma outra doença, tipo mononucleose ou gripe A.

Quanto ao elenco, não há muito o que dizer. Robert Pattinson limita-se a fazer beiço, cara de pidão e olhar pra baixo, um eterno torcedor do Fluminense esperando a glória que jamais virá. Taylor Lautner é praticamente um action figure, cujo trabalho é passar a projeção toda sem camiseta e sugar imediatamente qualquer carisma que a cena poderia ter, além de acreditar que PENDER PARA A DIREITA é um artifício dramático. Kristen Stewart é a mais pertinente, uma vez que faz cara de entediada o tempo todo, entendendo perfeitamente como o espectador se sente. A única que consegue eventualmente retirar a cena do limbo é Ashley Greene, que interpreta a empolgada Alice, irmã do Edward. Mas como isso tornaria o filme mais ALEGRE, ou seja, RUIM, a moça é escanteada durante boa parte do tempo.

Lua Nova só se beneficia em relação ao filme anterior, Crepúsculo, por contar com um diretor mais imaginativo. Aqui e ali Chris Weitz consegue fazer uns planos mais bacanas, umas sequências quase assistíveis (a da luta na Itália, por exemplo), uma ou outra idéia que não atinge o fundo do poço. Mas, no geral, é o mesmo dramalhão mexicano que seu antecessor, apoiado por uma mesma campanha de marketing extremamente eficiente. Sem falar na ode à castidade que permeia as duas películas.

Se bem que, parando pra analisar, a protagonista da série é disputada por um morcego e por um cachorro. No final das contas, isso não é ode à castidade. É zoofilia das brabas.

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