Toda a rivalidade que existe entre duas torcidas de times de futebol, como as de Grêmio e aquele outro time de Porto Alegre, é capaz de transformar heróis em vilões, dependendo simplesmente do ponto de vista. Pergunte, por exemplo, o que qualquer não-são-paulino acha do Rogerio Ceni, o maior ídolo da história recente do futebol brasileiro.
Mas tem caras que ficam acima disso. Jogadores tão carismáticos que caem nas graças da torcida das cores que defendem e que nem por isso deixam de ter o respeito e, porque não, o carinho de torcedores contrários. Um bom exemplo disso é o Marcos, goleiro do Palmeiras que recusou propostas do futebol europeu na melhor fase de sua carreira para trazer o alviverde de volta à elite do futebol nacional.
Um dos maiores exemplos de ídolo acima de qualquer torcida é o Taffarel. Hoje deu na TV uma entrevista do Galvão Bueno com ele. Maior goleiro da história da seleção brasileira naminha opinião, Taffarel jogou no Inter. E quando o narrador/jornalista/mala tentou aguçar o sentimento de rivalidade ao mencionar os dois testes nos quais o goleiraço foi reprovado pelos avaliadores gremistas, Taffarel tratou logo de frustra-lo ponderando que as bombas foram justas: "Eu não era goleiro de verdade na época, meu esporte era o vôlei. Caí em cima da bola e o treinador disse que era melhor eu desistir pra não me machucar."
Em outro trecho da conversa, diante da afirmação de que ele nunca teria se metido em confusão durante a carreira, Taffarel relatou como pulou o alambrado para curar, à base de porradas e safanões, o porre de um torcedor que o chamara de frangueiro. Então, o reticente apresentador murmurou que era um fato de se arrepender até hoje. E o goleiro, como bom gaúcho que é, interrompeu bradando que aquilo foi a melhor coisa que ele poderia ter feito. Que descarregou toda a raiva daquele momento, tanto ele quanto o torcedor. E que depois de uma noite na delegacia, ambos já estavam se dando bem.
O que foi que fizeram com o futebol? Maldito fair play! |