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Julgando um livro pela capa
André - 10 junho 2009 - 19:56
Esses tempos eu estava circulando por uma MEGASTORE (usei a grafia antiga, não sei como as palavras em inglês ficaram depois da reforma ortográfica) atrás de um livro legal e interessante e diferente. Então fui desbravando os corredores, atento a qualquer coisa que me chamasse a atenção, mas tudo que encontrei foram diversas agulhas no palheiro e um volante para o time do Grêmio. Uma tarefa agoniante, principalmente pelo fato de que eu simplesmente havia ignorado a existência de boa parte daqueles autores até esbarrar com seus sobrenomes estranhos na prateleira. E a organização implementada por essas MEGASTORES realmente me dá arrepios. Primeiro, porque quem gosta de organização é terrorista. Segundo, porque a menos que um sinalizador com dizeres como "Nick Hornby" seja disparado, eu não encontro nada do que procuro. E terceiro, porque a coisa é direcionada apenas para as pessoas que sabem o que querem, e ignora completamente quem não sabe o que quer - o letreiro podia muito bem mudar de MEGASTORE para ENSINO SUPERIOR.

Logo constatei que para ter sucesso na empreitada seria necessário um processo de triagem. Minha reação quase imediata foi descartar drasticamente aquelas obras com críticas positivas na contracapa, porque auto-afirmação é para os fracos. Tipo, o cara pega um livro desconhecido, olha atrás pra ver a história, e ao invés disso descobre que aquelas páginas contrastam visceralmente duas culturas exóticas de países distantes, fazem um retrato brutal da geração que teve seus sonhos perdidos em guerras pessoais e espirituais, e uma vez até salvaram um gato de uma árvore. Daí pega o livro do lado e é a mesma coisa, e o outro idem. Eu até acreditaria que quatro livros aleatórios de autores desconhecidos mudaram o mundo, mas só em um universo onde o Barcelona joga com quatro Messis. E, devo confessar, também sinto-me ofendido quando alguém que eu não conheço resolve duvidar da minha capacidade e tenta explicar a mensagem do livro na contracapa, antes mesmo que eu possa ler. Se eu quero interpretar A Revolução dos Bichos como uma fábula que narra a trajetória de Celso Roth no Grêmio, ninguém tem nada a ver com isso.

Feito isso, procurei me ater à nomes de autores que reverberavam na minha cabeça mas que eu nunca tinha lido. A idéia me arrastou até a prateleira que orgulhosamente ostentava livros de Phillip Roth (nada a ver com o Celso... espero). Os preços me arrastaram de volta até o limbo. Saramago e Gabriel Garcia-Marquéz todo mundo tem pelo menos um, é mais fácil pedir emprestado. Achei um do Woody Allen interessante, mas lembrei de Scoop e botei de volta. E assim a coisa foi, e tinha tantos livros lá, e tantos deles se diziam tão assustadoramente bons ou tão impressionantemente caros, que por um momento decidi, após essa extensa pesquisa, levar pra casa o disco novo do Bruce Springsteen.

Entretanto, resolvi dar mais uma chance à arte literária, porque eu precisava matar tempo na loja. Caminhei aleatoriamente pelos corredores, incauto, sem realmente olhar as coisas. Como quem não quer nada, fui ali na letra D, ver como andava o Phillip K. Dick. Sem compromissos, só conferir as sábias palavras do velhote visionário. Eis que nos livros dele eu vejo um tal de O Homem do Castelo Alto. Puxei a papelada e olhei na contracapa. Tinha um resumo da história, ao invés de críticas publicitárias. Olhei o preço. Em conta. Conheço um pouco do trabalho do sujeito, e sei que ele é bom. A coisa era promissora. Então eu prestei atenção na capa novamente, e ela era legal. Muito legal. Bem bolada, simples, sem exageros, sem firulas desnecessárias. E me pareceu bem mais lógico confiar em capas do que em contracapas. Elas parecem mais sinceras.

Deixei o Boss de lado e fui satisfeito até o caixa. De repente até conseguiria algum desconto no cartão de pontos.


Blade Runner who?
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