Tudo começou em 2002. Vinte e oito de outubro, pra ser mais exato. E terminou cinco anos e (quase) quatro meses depois. Cinco anos de faculdade – de amizades, de aulas matadas, de sinuca, de cerveja na tia Vilma. Pois bem: em fevereiro dei adeus a esse mundo e me formei. Final de agosto, comecei a trabalhar na UFRGS. E na terça-feira última (16/12), tive de retornar à Fabico para acompanhar a cerimônia de transmissão do cargo de diretor.
Passamos boa parte da faculdade – eu e a maioria de meus colegas – reforçando a nós mesmos o quanto a Fabico era ruim. O quanto as aulas eram matadas, o quanto era ridiculamente fácil passar em algumas várias cadeiras, o quanto a estrutura, os professores e os servidores deixavam a desejar.
Mas colocar os pés novamente no ambiente fabicano provocou em mim uma sensação diferente. Um pouco porque muita coisa havia mudado por lá – o segundo e o terceiro andar são irreconhecíveis àqueles que, como eu, esperaram por muitos anos a saída da gráfica do prédio da faculdade e a reforma dos laboratórios de foto, áudio e vídeo do terceiro andar. Mas a sensação diferente não foi só essa.
Na verdade, o mais estranho foi sentir, lá no fundo, uma espécie de orgulho que nunca me tocou enquanto estive por lá. Olha para aquele prédio, entrar nele e ver novamente aquele espaço que por muito tempo foi meu território – o saguão, o auditório, a 408 (única sala do mundo com um pilar no meio), a mesa de sinuca do Dacom – me trouxe um tipo de alegria que eu não lembro de ter sentido nem quando entrei na faculdade, lá no longínquo outubro de 2002.
Começo a desconfiar que o sentimento de ser fabicano é mais ou menos o mesmo de ser porto-alegrense: a gente diz que a cidade é ruim, que não presta, que não aguenta mais ficar por aqui, mas é só algum estrangeiro reclamar (do frio, do calor, do congestionamento, do barulho, da provicianidade), que a gente bate no peito e diz: “Não fala assim: esse é o melhor lugar do mundo”. E daí dobra a esquina e reclama de tudo aquilo com o próximo proto-alegrense que a gente encontra.
Ao recepcionar o Vice-Reitor na entrada, tomei a liberdade de dizer: “Seja bem-vindo”. Eu não estava recebendo-o em uma unidade qualquer da UFRGS; eu o estava recebendo na minha casa. Porque eu descobri que, mesmo depois de dar adeus, lá em fevereiro, aquilo continua sendo meu território.Marcadores: Retornos |