Em abril de 1970, durante a ditadura, uma série de objetos estranhos apareceram flutuando nas margens do rio Arrudas, em Belo Horizonte. Tais coisas lembravam corpos ensanguentados, como se tivessem sido lançados ao rio de madrugada, com uma trilha de suspense ao fundo e um dos capangas com cara de italiano. Mas divago. Na real a função toda foi obra do artista plástico Arthur Barrio, que amarrou algumas trouxas, cortou a facas e inseriu tinta vermelha no meio da brincadeira. A idéia do cara era conscientizar a galera dos DESOVAMENTOS de corpos que eram assassinados nas prisões militares.
Agora imaginem hoje em dia: o cara tá lá, caminhando, quando passa perto do rio e enxerga algo estranho. Se aproxima. Então percebe que parecem corpos. Vai mais perto só pra ter certeza antes de ligar pra polícia reportagem do Fantástico, e aí vê que é tudo falso. Qual a primeira coisa que vai passar pela cabeça do sujeito?
Isso mesmo, ele vai pensar "maldição, mais um desses marketings de guerrilha". E, o pior, provavelmente estará certo. |