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A beleza está nos olhos de quem vê
André - 21 setembro 2008 - 19:52
Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness)
4/5

Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Don McKellar, baseado na obra de José Saramago

Elenco
Mark Rufallo
Julianne Moore
Gael Garcia Bernal
Danny Glover
Alice Braga

Uma epidemia súbita faz com que os habitantes de uma cidade fiquem cegos. Colocadas em quarentena, as pessoas deixam escapar seus instintos mais primitivos, enquanto alguns tentam manter a ordem com a ajuda da mulher de um médico, a única pessoa que ainda consegue enxergar.

Desde o início, Meirelles busca contextualizar o espectador na situação das personagens. Com a luz e o branco sempre estourados (em uma fotografia que, por vezes, torna-se quase monocromática), o diretor joga o filme em uma atmosfera que denuncia a cegueira das pessoas (definida como "um mar branco como leite"). Assim, ficamos não apenas sabendo da doença, mas conseguimos vislumbrar a angústia que toma conta das vítimas - e a utilização de enquadramentos tortos, reflexos, contraluz, entre outros elementos, ajuda a definir o clima de caos e distorção que toma conta da quarentena. E, graças a isso, cria sequências memoráveis, como a cena de sexo que parece lúdica e bela quando "vista" pelos olhos das personagens cegas, mas que torna-se suja e decadente quando "transportada" para a realidade.

Já o roteiro desenvolve bem os protagonistas, criando pequenas situações que, se parecem irrelevantes à primeira vista, ajudam a construir a personalidade das pessoas (como o cálice de vinho da esposa do médico, por exemplo, que mostra o tédio dela com a vida que leva). E a partir do momento em que as pessoas ficam cegas, elas mostram suas verdadeiras intenções. O desespero e o instinto de sobrevivência sobrepujam qualquer resquício de humanidade. À medida que as condições do local vão piorando, todos se tornam mais agressivos, mais individualistas.

Por outro lado, o grupo da ala 1 consegue se manter solidário, pelo exato motivo que estão ali: eles nunca se viram. Não há conceitos pré-estabelecidos com base em imagens, em aparências. Eles se enxergam (com o perdão do trocadilho) como iguais, justamente por estarem na mesma situação e passarem pelos mesmos dramas. Livres de julgamentos baseados em coisas superficiais - não é à toa que, em determinado momento, o primeiro cara a ficar cego diz a eles "como vocês são lindos".

Porque eles se conheceram pela essência, pelo conteúdo, e não pela imagem. E, de acordo com o filme, essa é a verdadeira beleza da coisa.


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