O material de pesquisa sobre a Globo Filmes é absurdamente escasso, o que me levou a momentos de pânico durante a construção da monografia. Portanto, decidi separar o capítulo que fala sobre a co-produtora e postar aqui aos poucos, aumentando assim a bibliografia online sobre o assunto e, de repente, fazendo chegar até o Cataclisma alguém que pesquise "globo" no Google.
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A Rede Globo de Televisão é dona do maior conglomerado de mídia da América Latina. Suas produções televisivas, principalmente as telenovelas, são sucesso entre as mais diversas faixas de audiência, compreendendo um público que está acostumado a enxergar no logotipo da emissora um selo de qualidade
No entanto, apenas no final da década de
90 a emissora resolveu investir no cinema enquanto produtora (a Globo Filmes nada mais é do que um núcleo da original). A empresa comandada por Roberto Marinho aproveitou-se da crescente visibilidade que as produções nacionais estavam alcançando (três filmes brasileiros haviam sido indicados pra o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em um curto espaço de tempo), e das oportunidades abertas pelas leis de renúncia fiscal. Para
Anita Simis,
É preciso ter em conta que atualmente há uma tendência de as grandes empresas se estruturarem por processos de dupla integração: vertical e horizontal, procurando reduzir os custos e assegurar os mercados, combinando uma diversificação extra-ramo, porém, intra-setorial. Essa tendência se associa ao momento em que a Globo Filmes surge, isto é, depois que a legislação de incentivos fiscais para o cinema foi consolidada, que o cinema, com sua ajuda, criou para si um espaço significativo e outras instituições, como bancos, se valeram de seus incentivos para criar espaços culturais.É então que um projeto, que estava sendo desenvolvido desde meados de 1997, começa a atuar regularmente em 1998 como a Globo Filmes, trazendo para o cinema o prestígio de uma empresa que tem em seu
rol de funcionários atores, diretores e autores consagrados. Os primeiros lançamentos - ainda no ano de 1998 - foram de filmes infantis como
Zoando na TV (1998, JOSÉ ALVARENGA JR.) e
Simão, o Fantasma Trapalhão (1998, PAULO ARAGÃO), além de
Orfeu (1998, CACÁ DIEGUES), que contava com o músico Toni Garrido no papel principal.
No ano 2000,
a empresa resolveu inovar. O núcleo Guel Arraes projetou a produção de duas minisséries que depois seriam reeditadas para serem exibidas no cinema. Dos dois projetos¹, apenas um vingou:
O Auto da Compadecida (2000, GUEL ARRAES). Assim como na televisão, o filme obteve um grande apelo entre os mais diversos públicos, tornando-se a maior bilheteria nacional daquele ano e também da retomada, com 2,2 milhões de espectadores². Com o mercado crescendo de forma significativa – chegou a triplicar de
2002 a 2003 –, a Globo encontrou uma grande oportunidade de expansão para a única mídia que ainda não havia alcançado.