O título do post faz referência a uma época distante, onde a roupa dos juízes de futebol contribuía com a sua discrição (e coadjuvância quase completa), juntamente aos seus gestos, atitudes e decisões. Juízes de preto vêm de uma época da qual pouco se ouvia falar deles. Eles faziam o seu trabalho. E bastava.
Hoje não. Não satisfeitos em serem meros complicadores em meio a um espetáculo do qual não são as estrelas, eles surgem definindo partidas. Dão gols a quem não os fez, anulam tentos perfeitamente legais e bagunçam tudo na hora de decidir. Infelizmente, não posso culpá-los. Convenhamos: apesar de xingá-los com muito gosto quando marcam uma falta contra o Grêmio (qualquer falta, ressalte-se), o Big Brother onde eles atuam é um terreno muito mais complexo do que se pode imaginar.
Tentemos entrar na mente de um auxiliar (conhecido antigamente como bandeirinha, termo infinitamente mais preciso) naquela fração de segundo que antecede a marcação de um impedimento. Tudo que passa pela sua cabeça: os anos de lições tomadas na escola de arbitragem; a imagem do trio completo que apita a partida, que pode sair manchada após o erro de apenas um deles; uma possível convocação para a Copa do Mundo, atestando de vez a sua competência; as câmeras, essas vilãs que vigiam de perto cada movimento dos jogadores. Mais do que essas últimas, os tira-teimas, esses mecanismos perversos que transformam simples homens em monstros incompetentes (ou mal-intencionados) por menos de 10cm.
Vamos mais longe. Entremos na cabeça de um juiz que, ao apitar um jogo decisivo, está prestes a marcar um pênalti, digamos, não completamente explícito. Imaginem então se a marcação ocorre contra o time da casa. Que está com 10 em campo, e que consegue segurar com valentia o empate em 0x0 até os 43min do segundo tempo. O conflito existente aí acontece entre os princípios de honestidade e moral do árbitro e o seu senso de auto-preservação. Tem que ser muito macho pra usar o apito num momento desses.
Apesar disso, vou continuar xingando quando marcarem falta contra. Vou vaiar quando eles entrarem em campo, porque sei que são humanos e errarão, e quando saírem, mesmo que tenham feito uma arbitragem impecável. Porque a torcida não ficará satisfeita, jamais, com a atuação de um trio de arbitragem. E porque, convenhamos, juiz em jogo de futebol serve é pra isso mesmo.
Com vocês, futebol:
Amanhã, venham conferir a explicação dessa bagunça toda.