Um ano hoje. Graças a Deus, vão-se os Kadetts ficam os passageiros. Não há como negar que um acidente de carro, violento como foi aquele, marca a gente para o resto da vida. E bom é ter o resto da vida para ficar marcada por ele.
Não sei explicar como, mas naquele momento abençoado eu tinha tanta certeza de que não ia acontecer nada comigo que a única coisa que eu pedia era que o mundo (ou o carro) parasse de dar voltas e que aqueles intermináveis quase dois segundos passassem de uma vez, porque eu tinha uma vida pra continuar. Tamanha proteção que pairou sobre nós.
Na exata hora era essa a sensação, nos dias seguintes é que a ficha foi caindo: “Caralho, era pra ter morrido!” Felizmente não morri, mais felizmente ainda não matei. Não sei com que coragem eu iria enfrentar qualquer seqüela que ficasse no meu amigo agora gêmeo.
Penso nessa data como uma oportunidade divina de realizar as promessas da Epitáfio, a música dos Titãs "-devia ter...". A vida após a morte me deixou mais seguro, mais confiante e com muito mais sede. Parece que é lugar-comum, que todo mundo fala isso e tal, mas com efeito é assim mesmo que eu me sinto: grato.
Esse post dificilmente fugiria de estar entre mórbido e piegas, mas eu acho que o que mais importa é eu poder ter escrito ele. Estou feliz por isso.