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Peliculosidade
André - 22 janeiro 2007 - 12:57
Diamantes de Sangue(Blood Diamond)

3/5

Direção: Edward Zwick;
Roteiro: Charles Levitt, baseado em estória de Charles Levitt e C. Gaby Mitchell;

Elenco:
Leonardo DiCaprio (Danny Archer)
Jennifer Connelly (Maddy Bowen)
Djimon Hounson (Solomon Vandy)
Kagiso Kuypers (Dia Vandy)
Arnold Vosloo (Coronel Coetzee)
Antony Coleman (Cordell Brown)

Se quer assistir a um ótimo thriller de ação vá assistir a... 007. Não que "Diamantes de Sangue" seja um filme inassistível, ou um "Cafu" da indústria cinematográfica. Apenas é mais uma obra de ação que não acrescenta em nada e ainda te deixa irritado no final.

Na África que, como todos sabem, é explorada e tal, Solomon Vandy é um pescador raptado pela milícia rebelde para tentar catar diamantes no rio. O cara acha uma pedra grande e esconde ela, justamente no momento em que a gurizada do exército põe toda a brilhante operação abaixo. Ao ser libertado da prisão por Danny Archer, um ex-mercenário que está envolvido no contrabando dos diamantes, Solomon encontra-se forçado a fazer uma improvável parceria com ele para tentar resgatar seu filho.

Quer dizer, é uma história bastante comum (homem é separado de sua família, faria de tudo para reencontra-los, acaba fazendo parceria com alguém que pensa exatamente o oposto e, surpreendentemente, ambos tornam-se amigos), mas que se passa no continente negro. O filme possui boas sequências de ação, que acontecem quase ininterruptamente (se tiver muito diálogo o filme fica chato, sabem), parando para alguns momentos de "reflexão", "emoção" e "choque".

Tecnicamente a película é irrepreensível, embora fotografar belas paisagens africanas logo depois de mostrar crianças morrendo e matando não seja exatamente uma decisão coerente. O roteiro também não tem nada de complexo, e flui com certa naturalidade e previsibilidade, mesmo que as constantes intervenções da jornalista Maddy Bowen citando estatísticas ("tantos africanos vivem sem isso, tantos ocidentais vivem com isso") soem mais forçadas do que piada velha. Mas, como ela é interpretada pela estupidamente linda Jennifer Connely, devia ter mais tempo em cena.

Falando sobre os personagens, chegamos aos dois protagonistas: enquanto Danny Archer é um homem que não tá nem aí pra ninguém (embora o filme faça alusão a um passado trágico dele para não o odiarmos tanto), Solomon busca sempre ajudar quem precisa. Há uma química legal entre os dois, pela intensidade que Djimon Hounson coloca no pai de família e a indiferença que DiCaprio - em uma atuação que certamente vale uma indicação para receber um daqueles homenzinhos pelados e dourados - confere ao mercenário, sem dúvida dono das melhores falas do filme.

Mas a coisa desanda mesmo no final, quando o diretor faz de TUDO para arrancar lágrimas do espectador: se o romancezinho forçado da jornalista com o mercenário não teve desenvolvimento suficiente para isso (e não teve MESMO), e se a pessoa não chorou quando Solomon reencontra sua família, certamente irá ao ver dezenas de políticos ocidentais aplaudindo de pé quando o pescador entra na sala para depor contra os abusos que a África sofre. Extremamante original, nunca tinha visto em nenhum lugar antes.

Se a idéia era conscientizar da situação na África, o filme falha: mesmo sem ter medo de mostrar cenas de sangue e crianças mortas (e matando), tudo isso fica em segundo plano. Se a idéia era fazer uma obra de ação empolgante, o filme falha: previsível, forçado e ridiculamente otimista, desperdiça um ótimo personagem. Poderia até dar crédito aos produtores por fazer um blockbuster que se passa em solo africano, com todos os abusos e tal, embora o filme seja leve demais para chocar as pessoas.

Mas e se eles resolveram usar a África apenas porque a desculpa de um filme "político" garante mais bilheteria?
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