Quando ela chora Não sei se é dos olhos para fora Não sei do que ri Eu não sei se ela agora Está fora de si Ou se é o estilo de uma grande dama Quando me encara e desata os cabelos Não sei se ela está mesmo aqui Quando se joga na minha cama
Ela faz cinema Ela faz cinema Ela é a tal Sei que ela pode ser mil Mas não existe outra igual
Quando ela mente Não sei se ela deveras sente O que mente para mim Serei eu meramente Mais um personagem efêmero Da sua trama Quando vestida de preto Dá-me um beijo seco Prevejo meu fim E a cada vez que o perdão Me clama
Ela faz cinema Ela faz cinema Ela é demais Talvez nem me queira bem Porém faz um bem que ninguém Me faz
Eu não sei Se ela sabe o que fez Quando fez o meu peito Cantar outra vez Quando ela jura Não sei por que Deus ela jura Que tem coração e quando o meu coração Se inflama
Ela faz cinema Ela faz cinema Ela é assim Nunca será de ninguém Porém eu não sei viver sem E fim.
As minhas meninas Para a peça As Quatro Meninas (1986)
Olha as minhas meninas As minhas meninas Pra onde é que elas vão Se já saem sozinhas As notas da minha canção Vão as minhas meninas Levando destinos Tão iluminados de sim Passam por mim E embaraçam as linhas Da minha mão
As meninas são minhas Só minhas na minha ilusão Na canção cristalina Da mina da imaginação Pode o tempo Marcar seus caminhos Nas faces Com as linhas Das noites de não E a solidão Maltratar as meninas As minhas não
As meninas são minhas Só minhas As minhas meninas Do meu coração
20 anos de diferença e a mesma qualidade, a mesma beleza, a mesma poesia. Só mesmo Chico Buarque.