Estou completamente obcecado por uma canção chamada Ode to Sad Disco, do último álbum do Mark Lanegan. Cada vez que a barrinha de tempo zombeteiramente se aproxima do final da música, eu puxo ela pro início de novo, e de novo, e de novo. E quando não estou ouvindo, o riff de guitarra e a voz do Lanegan ficam ridiculamente carimbados na minha mente, que revive tais elementos em um looping eterno.
Claro, não é a primeira vez que acontece. E inevitavelmente é algo temporário. Mas fico surpreso com a capacidade que uma música tem de simplesmente sequestrar a mente e o coração do cara. É quase como se apaixonar por uma guria: se torna uma necessidade, quase uma dependência, e a gente simplesmente não enxerga os defeitos dela. Impossível parar de pensar a respeito.
A grande diferença, claro, é que a relação com a música vai esmorecendo aos poucos, de forma lenta e saudável. É uma paixão incontrolável que, paradoxalmente, consegue se controlar e se afastar sem consequências. O que leva à conclusão óbvia: se você puder escolher entre se apaixonar por uma música ou uma guria, escolha sempre a música. |