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Inspiração
André - 08 julho 2011 - 19:45
A maioria das pessoas tem uma visão bastante romantizada do que chamamos de "inspiração". Tipo, quando alguém escreve algo muito bom, compõe algo muito bom, filma algo muito bom, desenha algo muito bom, é comum dizer que tal pessoa estava inspirada.

Mas eu acho que uma coisa não tem necessariamente com a outra. A inspiração me parece ser algo que motiva, mas não necessariamente afeta o resultado final no sentido de torná-lo algo sensacional - e a não-inspiração, a transpiração, pode muito bem resultar tão bom ou melhor. Como posso falar apenas da minha experiência, pego como exemplo um post deste blog do qual me orgulho muito, este (lembrem-se que ele foi selecionados de acordo com os meus questionáveis critérios do que é bom ou não, então não me julguem se escolhi a desgraças em forma de texto). Escrevê-lo foi uma tarefa árdua, trabalhosa, repleta de dolorosos parágrafos que insistiam em se esconder nos recônditos mais distantes da minha cabeça, temendo ver a luz do dia tal qual os computadores temem a funcionalidade. Quase parido, foi fruto de muita dor de cabeça e trabalho. Houve uma inspiração, claro, que foi o momento da ideia inicial, o insight. Mas ele foi apenas o ponto de partida, e todas as palavras e nuances e sacadas e e legalzices do texto só foram surgir após eu espremer meu cérebro o suficiente pra ele gritar "chega!" e despejar tudo na tela do computador.

Para efeitos de comparação, trago também como exemplo uma situação que aconteceu enquanto eu lia o conto Nunca Aposte Sua Cabeça Com o Diabo, do Edgar Allan Poe (Ed, para os íntimos): antes mesmo de acabar a história, fui tomado por uma vontade alucinada de escrever. Após me desvincilhar do último ponto final do conto, voei até o computador, abri o Bloco de Notas (abre mais rápido que o Word, e eu sentia que era algo urgente) e digitei feito uma metralhadora o início de uma história. Pensava e criava com mais rapidez do que conseguia botar as palavras na tela. Ao final de uns cinco ou seis parágrafos, já mais calmo, me recostei na cadeira e me pus a reler tudo que havia jogado ali. E percebi que nada daquilo realmente prestava.

O que era fruto de pura inspiração, então, acabou se tornando uma fracassada tentativa de conto, agora devidamente alocada no universo das histórias que jamais foram contadas (e que jamais deveriam ser). Já o que foi resultado de apenas transpiração se mostrou muito melhor desenvolvido, mais interessante e agradável. Por isso eu digo que a visão sobre "inspiração" que as pessoas têm é bastante romantizada, já que às vezes, por mais paradoxal que pareça, a inspiração não tem fôlego pra se manter até o resultado final.
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