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As escadas rolantes
André - 09 junho 2011 - 21:52
Eu nunca entendi bem as escadas rolantes. Elas sempre me pareceram como recurso de uma sociedade preguiçosa, que está sempre atrás de uma forma de fazer menos, se esforçar menos, suar menos. Só isso mesmo pra explicar tempo e investimento gastos concebendo uma nova forma de subir escadas.

Mas então eu finalmente fui fazer uma viagem fora do Brasil, conhecer o mundo. Fiquei quase um mês circulando pra lá e pra cá, desbravando diferentes cidades. E é um movimento contínuo, quase como uma escada rolante: cada vez que eu e meu irmão chegávamos ao final de uma temporada em alguma cidade e passávamos a outra, era necessário reiniciar todo o processo de descoberta, de maravilhamento. Chegar em cada país "zerado", pronto pra tentar absorver o máximo possível de informação, cultura, beleza, costumes, sensações e todas aquelas coisas que tornam uma cidade um lugar único e inesquecível.

E que experiência descomunal que é conhecer novos lugares, ainda mais quando são algumas das maiores e mais famosas cidades do mundo. Desde a esquisita sensação de falar português no trem e saber que (provavelmente) ninguém está entendendo uma palavra até o arrebatamento completo ao ver ao vivo coisas que antes só existiam em fotos ou gravações - Torre Eiffel, Big Ben, Emirates Stadium, as casas inclinadas de Amsterdam, o muro de Berlim, o clima medieval de Bruges -, praticamente tudo resulta em um sorriso ou em um coração sobrecarregado de tanta felicidade (Londres, eu te amo. Paris, te aceito como minha amante. Amsterdam, me encontre no motel amanhã à noite). Mais de uma vez senti como se estivesse caminhando em um filme, e mais de uma vez senti vontade de abraçar os pubs de Dublin ou as novas e velhas belezas de Berlim. E beber aquelas cervejas de Bruxelas (= melhores do mundo) a preços ridículos de tão baratos é, apesar do que eu acabei de falar, algo que não tem preço.

Com o tempo, o deslumbramento inicial vai dando lugar a uma admiração ainda mais intensa, já que começamos a identificar certos pontos, certas regiões, saber mais ou menos por onde estamos andando e pra onde temos que ir. E talvez não haja nenhuma forma de conexão maior com uma cidade do que fazer seu próprio caminho para ir de um ponto ao outro, fugindo das rotas de mapas e guias. E não é só a questão de pegar um atalho ou um trajeto distinto, mas sim de passar a entender a cidade de uma forma pessoal, compreender ela de um jeito diferente. Descobrir bares e cafés e parques e praças e lojas e ruas e esquinas que não são famosos, conversar com pessoas que não foram treinadas pra atender turistas, viver um pouco da vida que se vive lá. Pro resto do mundo pouco vai importar o falafel que comi em Paris, ou os canadenses que saíram comigo e com o meu irmão pra caminhar bêbados pelo Distrito da Luz Vermelha em Amsterdam, ou a francesa que falava "ratatouille" ao invés de "rat" porque quando um dos bichinhos apareceu eu disse "olha o protagonista do filme Ratatouille". Mas são situações que fizeram parte da viagem e eu vou identificá-las com suas respectivas cidades pra sempre.

Porque a melhor forma possível de tentar conhecer algum lugar é simplesmente calçar os tênis e sair caminhando rua afora (claro, é impossível fazer isso todas as vezes; entretanto, o fato de ser impossível não é desculpa pra não tentar). Então nós acordamos cedo e dormimos tarde, caminhamos por horas e horas debaixo do sol, criamos bolhas nos pés, suamos, somos castigados com dores musculares, ficamos cansados, e ainda assim dedicamos todo o esforço possível para nos apaixonar e nos envolver com cada cidade. E elas, em um gesto pequeno mas significativo, nos oferecem de vez em quando a oportunidade de descansar momentaneamente sem perder um segundo do nosso precioso tempo, de seguir o caminho ao mesmo tempo em que relaxamos por um breve espaço de tempo. Porque só após viajar pras principais cidades do mundo, caminhar dia e noite pelas principais cidades do mundo e ficar com as pernas doídas pelas principais cidades do mundo é que eu entendi e passei a dar o valor merecido às escadas rolantes.

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