Não ter ido à Disney é um dos maiores traumas da minha vida, junto com o cachorro que tentou arrancar minha perna e o galho de árvore que quase arrancou meu olho enquanto eu fugia do cachorro que tentava arrancar minha perna. Enfim. Mais do que os brinquedos e a diversão, a Disney sempre pareceu um lugar onde a lógica das crianças predominava – eu imaginava que, se visse algum adulto carrancudo, teria o direito de chegar e dizer “Com licença, mas o senhor ultrapassou o nível de ADULTICE permitido. Desta vez darei apenas uma advertência, mas da próxima serei obrigado a levá-lo até a montanha-russa”, ou algo do gênero. E então eu sairia fazendo cara de mau e MASCANDO TABACO, sempre em direção a algum brinquedo alucinante.
Porém, inevitavelmente, cresci. Vieram mais responsabilidades, mais situações, mais decisões, e muito menos dinheiro. Parece que a vida ta sempre tentando puxar as pessoas das coisas que elas querem fazer. Mas, apesar de (quase) adulto, a casa do seu Walt ainda está na minha cabeça: quero fazer o Mickey vestir a camiseta do Grêmio; quero colocar a moedinha da sorte em uma máquina de refrigerantes; quero perguntar pra Maga Patalógica se ela conhece o Harry Potter. Mais do que tudo, quero andar em alguma montanha-russa que suba além da ALTAPRACARALHOSFERA, perceber que eu cometi um dos maiores erros da minha vida ao chegar lá no topo e tentar controlar o nervosismo do corpo cantando “Eye of the Tiger” com toda a força.
Porque, de certa forma, ainda há fantasia na Disney (aliás, a Pixar prova isso ano após ano). E eu também quero viajar pra Europa e tal, mas acho engraçado como de repente essas bandas “aventureiras” pelo velho continente e pela Oceania (ou 24 territórios à sua escolha) se tornaram o cálice sagrado das viagens. Digo, é raro ver alguém entupindo seu álbum do Orkut com fotos do Pateta e do Donald. Será por que é “coisa de criança”, e cafés pequenos em Paris são “chiques”?
Às vezes eu acho que a gente ADULTA de forma muito rápida. |