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They don't really care about us
André - 07 julho 2009 - 17:27
A coisa é bastante óbvia: em Black or White, Michael Jackson fala, também, sobre si mesmo, declarando que não importa se ele era branco e virou negro, ou se era negro e virou branco, porque ainda é quem ele é. Infelizmente, foi uma daquelas mensagens que as pessoas acham bonito na hora mas se esquecem no minuto seguinte, tornando o ato de concordar com as palavras mais importante do que agir de acordo com elas. Qualquer atitude levemente diferente por parte de Michael Jackson era elevada à décima potência, tornando-se o estopim para que todos bradassem, do alto de suas inocências, que Jackson era doente. Que não era humano. A simples acusação de pedofilia já o tornou um pedófilo. Suas músicas foram deixadas de lado, e a pauta era encontrar qualquer coisa que pudesse ser noticiada nos tablóides como bizarra. Mais do que ver alguém chegar ao estrelato, as pessoas gostam de ver uma estrela cair.

No tributo de hoje foi dito publicamente a Michael tudo o que ele gostaria de ter ouvido em vida. Personalidades subiram ao palco e declararam aos quatro ventos que não havia nada errado com Jacko. Os microfones ecoaram palavras bonitas, e de uma hora pra outra todos viraram defensores ferrenhos do artista. Mas com exceção de um ou outro discurso, uma ou outra performance, foi uma cerimônia protocolar. Destemperada. Tudo indica que um palco foi construído às pressas para ser transmitido pela televisão e fazer as pessoas chorarem ao redor do mundo. Mais um show do que um tributo.

Quando os julgamentos do astro viraram a novela favorita de muita gente, centenas de fãs foram ao tribunal gritar pela inocência de seu ídolo. Pessoas apaixonadas, que foram tocadas pelas canções e agora retribuiam do jeito que conseguiam. Foram por vontade própria, construindo uma bela definição de "lealdade", aquela característica intrínseca aos amigos. São esses e outros milhões que sentiram o baque de perder alguém. A garota que chorava enquanto ouvia toda a discografia do Michael Jackson de novo e de novo. O sujeito que tirou do armário sua jaqueta, semelhante à do ídolo, e a vestiu como se fosse uma capa de melancolia. Os pequenos grupos que acenderam velas e rezaram pelo rei do pop. E eles não estavam lá no tributo, hoje, onde os verdadeiros amigos de Michael se confundiam com artistas atrás de autopromoção e o politicamente correto. Não é um evento para os fãs, porque as celebridades chamam mais atenção e audiência, mas também porque as nossas homenagens são grandes demais para caber em um ginásio fechado.

O verdadeiro tributo ao rei do pop está sendo construído desde o dia em que ele foi dançar com as estrelas, e talvez nunca esteja completo. Ele é o texto que a Anne escreveu aí embaixo. É o Bono, em Barcelona, cantando Billie Jean. São os inquilinos de uma prisão fazendo uma coreografia no pátio. É alguém dando o passo da lua numa avenida do Rio. São os vídeos criados, recriados, montados, feitos, refeitos, carinhosamente colocados no YouTube.

A cerimônia de hoje em Los Angeles foi apenas isso, uma cerimônia. Necessária, talvez, mas ainda assim longe de representar um tributo. As homenagens mais sinceras e sentidas não vêm de pessoas que acreditaram em todo o mito e na personagem criada pela mídia, mas sim de pessoas, como eu, que desde sempre acreditaram em uma coisa sobre Michael Jackson.

Que ele fazia mágica.
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