Certo, o final da Fórmula 1 foi uma das coisas mais emocionantes desde que o homem inventou a roda (e botou uma estrutura aerodinâmica em cima de quatro delas). Mas até o momento em que o Hamilton SELEÇAOBRASILEIREOU e, tal qual uma solteirona de quarenta anos, abriu espaço pro primeiro que teve coragem de se meter, a situação estava mais para uma reunião dançante do que para um show do U2. Como a TV contorna isso? Peço licença aqui para emular o que mais ou menos era a narração do nosso amigo Galvão Bueno:
- Massa virou umcatorzedezesseis, Alonso virou umquinzedezoito. A distância entre eles diminuiu um segundo, enquanto Vettel ficou seis segundos na frente de Hamilton. A previsão é de que chova nos próximos dez minutos. A temperatura na pista baixou, agora é de 25 graus. Temos 20 voltas ainda. Haja coração*! Nosso matemático aqui na cabine, usando um ábaco, deduziu que, para ser campeão, Massa precisa terminar em primeiro e o inglês em sexto. A diferença entre o líder e o segundo colocado cai para meio segundo. Hamilton está sendo campeão por um ponto. É emoção atrás de emoção, amigo.
*bordão obrigatório, utilizado pelo narrador inclusive nas transmissões do campeonato canadense de Curling
Isso tudo durante, sei lá, umas oito ou nove voltas. Era número atrás de número, estatística atrás de estatística, animação irrelevante na tela atrás de animação irrelevante na tela... É impressão minha ou a transmissão dos esportes - e o futebol tornou-se um belo exemplo disso - está sendo CAPITANEADA por ninguém mais, ninguém menos, do que os professores de matemática? |