A palavra privação, eventualmente, vem acompanhada de sua companheira oxítona provação. Em determinadas ocasiões, ao não poder usufruir de elementos cotidianos, o ser humano é colocado à prova. Os sobreviventes do acidente de avião nos Andes, por exemplo, sem perspectivas de alimentação ou abrigo, apelaram para atitudes extremas a fim de garantir sua continuidade nesta vida.
Pois agora é a minha vez. Sem internet desde sexta passada (por isso não postei a coluna), fui forçado pela necessidade à recorrer a uma lan house - local que, na minha visão preconceituosa e estereotipada, reúne gordinhos de óculos que ficam jogando Counter Strike e discutindo sobre os sanduíches do McDonalds. O esforço se deu porque fiquei com medo de alguém da comissão de formatura mandar uma mensagem do tipo "responda esse email até hoje ou não vai se formar". Ou que o Orkut deletasse minha conta após dias de inatividade. E também, claro, pesou a curiosidade para ver o que anda acontecendo nos blogs aí do lado e, principalmente, no Cataclisma.
O mais interessante, no entanto, é que a ausência da world wide web em casa me deixou limitado. Como faço pra procurar um emprego sem internet? E se eu quiser escrever um texto, onde vou pesquisar (mesmo existindo apenas no plano virtual, a Wikipédia tomou o espaço da Enciclopédia Barça lá em casa)? E quando não há absolutamente nada a fazer, e o tédio se impõe, de que forma poderei acessar joguinhos de futebol online?
A triste verdade é a seguinte: acho que estou apaixonado pela rede mundial de coputadores, pois não sei mais viver sem ela. A internet não veio para mudar o mundo, veio para dominá-lo. Subjugá-lo. Uma vez que o cara é pego na web, não tem mais escapatória. |