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Sobre futebol I
Kleiton - 28 setembro 2007 - 10:30
Ao contrário do que gostam de apregoar os comentaristas e torcedores do eixo Rio - São Paulo (e ecos de tais bobagens podem ser ouvidos do Milton Corrêa ao Estrela D'Alva), futebol não é arte. É, sim, um esporte, que muito se diferencia da arte, por diversas características próprias.

- Futebol é uma atividade de contato físico um tanto intenso. Isso só se aproxima da arte se você considerar filmes pornográficos como atividade artística. Pessoas se lesionam jogando futebol, não pintando quadros;

- O futebol tem regras claras e bem definidas, que todos devem seguir para o bom andamento da partida. E para um controle dessas regras, há um juiz, dois bandeirinhas e um 4o árbitro. Em compensação, não há juiz que, em uma apresentação musical, diga para um cantor "Desafinou! Cartão amarelo! Mais uma e vai pro camarim mais cedo";

- Há também um objetivo muito claro no esporte bretão: fazer mais gols do que sofrê-los. O time todo trabalha em função desse objetivo, e quando ele é atingido regularmente o time se destaca. A arte, pelo contrário, não possui objetivo, pelo menos não em termos, digamos, "objetivos"; na verdade, possui tantos objetivos, e seus objetivos são tão "subjetivos", que é impossível definir um objetivo claro como o do futebol;

- Por último, futebol é uma coisa que a "massa" entende e da qual a "massa" gosta, ao contrário da arte. Sem sentidos pejorativos à palavra "massa", longe disso; mas convenhamos, públicos de futebol são, em geral, muito maiores do que públicos de saraus literários. E existem muito mais escolinhas de futebol do que conservatórios de música.

Por todos esses motivos, acredito que a punição de 120 dias a Coelho, do Atlético-MG, pela trombada no Foca Amestrada Kerlon, do Cruzeiro, é injusta. Não estou pregando a violência nos estádios, longe disso; mas uma punição deveria ser aplicada também ao Atleta Circense Kerlon que, com seu dito "futebol-arte", desrespeita e mexe com os brios dos adversários. Para pessoas com o talento dele - conduzir uma bola quicando na cabeça - existem outros palcos, como o Circo Stankowich ou o Se Vira nos 30, do Faustão. Estádios foram feitos para partidas de futebol.

Ah, e que conste ainda: futebol é um neologismo originário de seu irmão inglês football. Ou seja, bola no pé. Não equilibrada sobre a testa.
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