É. Somos um mercado periférico. Essa situação sempre nos prejudicou ao longo da história e as razões talvez eu discuta num post fora da coluna. O que quero expor aqui é como isso se reflete tão fortemente no futebol.
Os clubes estão na maioria falidos, raramente geram uma receita superavitária e mesmo se assim o fizessem, não teriam chances de competir com ofertas em euro ou dólar. Não se pode culpá-los nesse ponto e não vejo outra solução se não formar mais e mais talentos a cada dia.
Achado há cinco séculos pelo pessoal do velho mundo, nosso país sempre doou suas matérias primas. Antes, pau-brasil, açúcar, minério bruto. Mais recentemente jogadores de futebol, e agora garotos que um dia se tornarão jogadores são cuspidos prematuramente para fora do país.
Lembro de quando o jogador se firmava no futebol e precisava mostrar regularidade em umas quatro ou cinco temporadas antes de começar a receber propostas para atravessar o oceano. Hoje em dia eles mal surgem e já se vão. Isso quando surgem por aqui, pois muitos saem antes de se profissionalizar, quando ainda não estão formados e são desconhecidos.
Qual é a conseqüência disso? Não quero nem falar da ausência de vinculo com a torcida brasileira, que fica meio sem intimidade com a seleção pela falta de jogadores de seus times. Dinheiro e uma carreira de sucesso é tudo o que um jogador procura, mas pode ser bem perigoso se isso aparece do nada antes que se construa uma personalidade sólida.
Pensem comigo: um guri que nem maior de idade é ainda e já vai pra longe de casa, aprender outra língua, comer outra comida e principalmente ganhar muita grana. Fico até imaginando, se eu fosse um desses garotos prodígios não estaria mais nem aí pra nada. Seria rico, oras! Usaria o futebol pra conseguir cidadania européia, me aposentaria aos 25 anos de idade e abriria uma casa noturna em Praga.