O palco. Parte fundamental de um espetáculo, o cenário perfeito onde tudo acontece. No começo não se dava muita importância aos estádios, qualquer pedaço de terra levemente coberto de grama já era suficiente para abrigar uma partida oficial de futebol; mais ou menos como fazemos ate hoje em quadras improvisadas com tênis, árvores, cadeiras e afins.
Não chegava a tanto, mas só pra se ter uma idéia no Estádio dos Eucaliptos, na zona sul de Porto Alegre, foram disputadas partidas de Copa do Mundo em 1950.
Nos anos 50 e 60, estádio de futebol passou a conotar sinônimo de status. Grandiosas obras de arquitetura compostas de concreto foram erguidas em homenagem aos ‘Deuses do Futebol’. Um estádio imponente com capacidade para grandes públicos era sinal de grandeza para um clube, somado como se fosse um título valioso de um campeonato importante ao seu patrimônio.
Hoje em dia aqueles gigantes de cimento estão começando a dar lugar a projetos de visuais futuristas de imensa beleza plástica, que dão um valor maior ao conforto dos espectadores. A FIFA, sempre ela, vem padronizando os estádios de futebol. Lança modelos para estádios que tenham condições de comportar uma partida de Copa, torneio que parece ter ganho muito mais importância do que há 6 décadas...
Uma conseqüência disso foi a demolição do mais tradicional templo do futebol. Esse mês foi inaugurado na Inglaterra o novo estádio de Wembley. Inegavelmente uma obra prima da arquitetura moderna, um símbolo da nossa civilização. Mas, e o antigo Wembley? Carregado de mitos e histórias, que trazia consigo tantas alegrias e tantas decepções que inúmeras partidas históricas podem proporcionar. Não deveria ser preservado por tudo o que representa para a história do esporte mais popular do planeta? Tantas glórias e batalhas caíram no esquecimento junto com o monte de entulho que sobrou de um ícone sagrado do futebol.
Tudo bem que a intenção seja melhorar as condições para o público que vai ao estádio, mas não seria mais plausível uma reforma? Não concordo com esse método radical que demole não só uma construção física, mas uma construção cultural.