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Live blogging
Leandro Corrêa - 17 abril 2007 - 23:45
Ontem estive completamente alheio às notícias sobre os assassinatos na Universidade Técnica da Virgínia. Fiquei sabendo pela TV só de noite, quando cheguei em casa. Por isso, não pretendo comentar ou refletir aqui sobre o quão horrível e lamentável são estas tragédias; a imprensa faz isso melhor. O que acho interessante destacar aqui é como a tragédia repercutiu pela internet.

Em 2005, os ataques terroristas ao metrô de Londres renderam uma cobertura praticamente ao vivo em diversos blogs. Na época, pipocaram pela rede várias fotos e videos amadores de celular, feitos por pessoas que estavam próximas a locais onde bombas explodiram. Boa parte desse material foi explorado pela mídia no mundo todo, entregando à internet, aos blogs e aos cidadãos-quase-vítimas um troféu pelas "imagens impressionantes".

Ontem não foi diferente. Registrado por um celular no momento do 2º tiroteio, um video que não mostra quase nada (e impressiona muito pouco apenas pelos barulhos dos disparos) foi exibido à exaustão em telejornais pelo mundo inteiro, algumas vezes acompanhado de entrevistas com Jamal Albarghouti, estudante autor do vídeo. Durante as 4 horas que foram obrigados pela polícia a ficar trancados nos prédios, muitos estudantes atualizaram seus blogs (via internet sem-fio, acredito) para dar sinal de vida aos familiares, pois as linhas telefônicas estavam congestionadas. Uma foto, feita dentro de uma sala de aula onde vários alunos aguardavam o fim do toque de recolher, é publicada por um blog e, em poucos minutos, é replicada em vários sites de notícia. Ao longo do dia, milhares de outros blogs discutiam a tragédia trazendo novas informações, relatos de massacres anteriores, opiniões de especialistas buscando culpados, enfim, todo tipo de tarefa que há 10 anos atrás só jornalista fazia (fonte: Tiago Dória Weblog, em excelente cobertura).

Sem dúvida, a internet mudou muita coisa no jornalismo. Não sou nenhum especialista no assunto e conheço poucos estudos sobre isto, mas não há como negar que, hoje, é um potencial reporter qualquer pessoa com um celular na mão e uma tragédia ao seu redor. Lembram das imagens do Tsunami no leste asiático? Ou mesmo as imagens do 11 de setembro? Boa parte feita por pessoas comuns, que passaram de testemunhas para produtores e distribuidores de "conteúdo amador". Imagine se um blogueiro estudante da Universidade Técnica da Virgínia, capaz de transmitir vídeos ao vivo do celular para seu blog, tivesse feito imagens de Cho Seung-Hui, o atirador, durante o massacre em sala de aula...

Muita ficção? É baseado em premissa parecida que surgiu Shooting War, novela gráfica pela internet (pra não dizer web graphic novel!) desenhada por Anthony Lappé. Na história, que se passa no ano de 2011, o jovem Jimmy Burns se torna famoso depois que o canal de TV Global News coloca no ar o videoblogging que ele fazia, ao vivo, de um atentado terrorista que explodiu um prédio em Nova Iorque. Com a fama que adquire e sem nada a perder (no mesmo prédio ficava o apartamento onde morava), Jimmy aceita o convite da Global News e vai para o Iraque fazer videoblogging da guerra, que em 2011 ainda não havia acabado. Além do enredo, os desenhos (colagens de foto com ilustrações digitais) de Shooting War também são muito bons, e o autor faz uma bela crítica à mídia sensacionalista que espalha o "terror" entre os americanos; vale a pena dar uma conferida.


Voltando ao assunto jornalismo-cidadão, cada vez mais os blogs, nos Estados Unidos, se dedicam em apurar fatos, divulgar notícias e refletir sobre elas, fazendo frente ao jornalismo e às mídias "tradicionais". Estas, muitas vezes, buscam apenas explorar os fatos pra gerar audiência. Em 2005, por exemplo, o vôo 292 da companhia JetBlue, que estava com problemas no trem de pouso, foi acompanhado ao vivo por todos os canais de notícias como uma "tragédia em potencial " até que fizesse o pouso de emergência em Los Angeles. A transmissão das TVs, ao vivo, chegou ao cúmulo de motivar troca de mensagens de despedida, via celular, entre os passageiros do vôo e seus familiares. Somente depois de todo o alarde foi divulgado que o procedimento de aterrisagem adotado é padrão em aviação, previsto e treinado pelos pilotos, e que o risco de acidentes nestes casos é quase nulo.

Enfim, acho que já escrevi de mais. Para uma próxima vez falarei do Twitter, ferramentinha de "blog rápido" atualizável via web, GTalk e celular que está popularizando o chamado live-blogging pela web. Por hora, lanço a pergunta: se você tivesse a oportunidade, teria sangue-frio para entrevistar Cho Seung-Hui via videblogging em meio ao massacre?

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