Semana passada eu vi um programa especial lembrando (comemorando?) os vinte e cinco anos da tragédia do Sarriá. O nome é dramático, mas no futebol tudo é assim, tanto as coisas boas quanto as más, fica tudo superdimensionado: tragédias e milagres acontecem com freqüência.
No programa, todos se lamentam por aquela seleção não ter ganho. Jogadores, comentaristas, repórteres de campo, todo mundo assumindo o papel de torcedor. Dizem que foi o maior crime da história, que uma seleção daquelas não merecia (não podia, nas palavras deles) ter perdido aquela copa.
Eu não vivi o mundial de 82, mas pelo que falam e pelas imagens que mostram, aquele era um timaço! Assisti reprises de alguns daqueles jogos. Sabem todas aquelas jogadas que a gente pensa na quadra e nossas pernas não obedecem? Ou aquele passe que parece tão óbvio quando estamos vendo o jogo pela televisão que a gente fica louco com o jogador por ele não ter enxergado? Ou ainda, aqueles lances que de vez em quando a gente consegue executar no videogame e fica emocionado superlotando o memorycard? Pois é, as pernas do Cerezo obedeciam, o Falcão enxergava, o Zico executava, e os outros 8 também.
Agora, não sei se ter um time mágico que, por um pecado, não ganhou nada e que me faria sofrer ao lembrar disso depois de 25 anos vale mais do que uma seleção sem brilho, mas proporcionalmente com brio o bastante para ser campeã.
Eu defendo que paixão futebolística legítima é aquela nutrida em devoção ao clube, mas - como torcedor, mais do que como comentarista – me deliciei com o que aconteceu ontem. Afinal, ideologias a parte, é muito bom ganhar por 3 a 0 da Argentina jogando com o time B! E tecnicamente isso descreve o que aconteceu.
Em tempo, e só pra tentar diminuir um pouco a contradição do parágrafo acima, eu preferia ter visto o Riquelme com cara de tacho no dia 20 de junho do que ter visto ontem.