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Mother do you think they'll drop the bomb?
André - 12 dezembro 2006 - 12:26
Pensei, repensei e pensei de novo. Um post sobre o filme "Filhos da Esperança" ia ficar muito comprido e relativamente chato, uma vez que envolve bastante subjetividade. No entanto, essa notícia me fez voltar atrás.

Estamos em 2027, e as mulheres não conseguem mais engravidar. Com a morte da pessoa mais jovem do planeta, de 18 anos, as perspectivas de extinção assolam a humanidade. Clive Owen é Theodore Faron, um burocrata que vive numa Londres onde violência e guerra são elementos presentes, principalmente pela forma quase totalitária de governo. Quando uma jovem aparece grávida, ele precisa protegê-la de diversos grupos que a perseguem.

Primeira coisa: não é um filme de ação. Definitivamente tem momentos de ação, mas Theo não é aquela pessoa comum que de repente consegue matar bandidos com um tiro e pular de um prédio pro outro. O tom da narrativa é sombrio, pessimista: os longos planos ajudam a mostrar o cenário devastado, garantindo ainda mais o sentimento de desolação.

Nesse futuro, o planeta se tornou um caos e Londres é o único centro de ordem no mundo. Como? Através de duras políticas governamentais. Os imigrantes são tratados como lixo, jogados em pequenos campos de concentração e frequentemente executados. Vêem o paradoxo? A humanidade está preocupada com a possibilidade de nenhuma pessoa nascer novamente, mas não hesita em exterminar as que já nasceram e não se enquadram na 'ordem'. Não faz sentido, e é por isso - na minha opinião, o filme em nenhum momento explica - que as mulheres não engravidam mais: talvez a natureza tenha simplesmente cansado de tanto abuso em cima dela. CFC's, petróleo, dinheiro, desmatamento, assasinatos, guerras... tudo isso se tornou mais importante do que o resto por uma pura questão econômica. É risível.

Por aí, podemos tomar a gravidez da menina como um milagre, a última salvação. É dela que pode vir o futuro da humanidade, e por isso é protegida por uma organização que age contra as políticas do atual governo. O problema, no entanto, é que esse grupo (alguém falou 'ONG'?) busca utilizar a criança apenas como uma forma de alcançar seus interesses políticos. O importante não é a esperança criada por uma mulher aparecer grávida de novo, mas sim as implicações POLÍTICAS que isso pode trazer. Não é a toa que descartaram a idéia sugerida por Theo de levar o fato a público: isso acabaria com as chances de usar o bebê em proveito próprio.

E é então que ambos fogem e buscam algum lugar seguro. A idéia é que a jovem seja transportada no barco "Amanhã", que a levará para o "Projeto Vida" (o filme também não explica o que é esse projeto). Para isso, precisam se infiltrar em um 'campo de concentração' de imigrantes, de onde poderão partir. O lugar, teoricamente 'policiado' pelo governo, é um centro onde os soldados executam quem quiserem a hora em que quiserem, e organizam negócios corruptos que afetam a vida de todos. É nesse lugar pobre que nasce a menina, o que comove algumas pessoas o suficiente para ajudá-los (apenas um pequeno grupo ficou sabendo da existência).

Ao mesmo tempo, a tal organização descobre onde eles estão e vai atrás, enquanto o governo começa uma verdadeira guerra contra os imigrantes - dentro dos próprios campos. Os soldados, com a adrenalina a mil, atiram em todos que se mexem; os revolucionários também. No andar de um dos prédios, presos entre os soldados e os imigrantes, Theo e a jovem não tem saída. Não há como escapar. É quando então a criança começa a chorar. Todos ouvem, e todos ficam estupefatos. Os primeiros soldados, com as armas na mão, gritam só uma ordem: "Cessar fogo!! Cessar fogo!!" Lentamente os três descem os andares, sem que ninguém fale ou faça nada para impedir, em uma das mais belas e comoventes cenas do ano (a fantástica trilha ajuda e muito). Naquele exato momento é onde percebem que, não importando o lado, são todos iguais. Pois - arriscando uma interpretação - ali não haviam políticos, líderes, chefes, ninguém que os disesse o que fazer. Somente pessoas comuns que, diante do fato, tomaram uma decisão humana - ainda que por pouco tempo, pois logo que os Theo e a jovem com a criança estão salvos, a guerra recomeça, mais porque estão ali como inimigos do que por reais diferenças ou vontades. Assim como a invasão do Iraque, é um jogo que manipula todo tipo de pessoas para alcançar um objetivo político, não importando quantos morram no processo.

Nesse contexto, "Filhos da Esperança" não é uma previsão de um futuro pessimista: é um perturbador retrato do presente.
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