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Battlestar Galactica
Leandro Corrêa - 08 janeiro 2009 - 02:26
O site da revista Newsweek publicou uma série de artigos sobre os últimos dias de George W. Bush como presidente do mundo. Em "The Way We Were", alguns críticos de cinema, televisão, música, teatro e literatura foram questionados sobre as obras culturais americanas que podem ficar marcadas na História como emblemas deste período que Bush passou pela Casa Branca. "Falcão Negro em Perigo" e "Borat" estão entre os destaques no cinema; na música, o "American Idiot" do Green Day. E na televisão, além do reality show "American Idol", está a série "Battlestar Galactica", que há tempos quero escrever algo aqui no blog. O texto destaca com bastante objetividade alguns dos vários aspectos sensacionais desta série, que eu recomendo.



TELEVISÃO
'Battlestar Galactica'
Por Joshua Alston

Um ataque terrorista orquestrado. Uma inflexível marcha rumo à guerra. Um inimigo capaz de desaparecer junto ao alvo, armado de indiferença quanto sua própria mortalidade.

Isto até pode parecer um especial de TV sobre a Al Qaeda. Na verdade, trata-se da sinopse da série "Battlestar Galactica", que - para todos aqueles que se dispuserem a enxergar além de seu nome estranho - captura melhor do que qualquer drama televisivo os últimos 8 anos de medo, incerteza e ambiguidade moral do mundo pós 11 de setembro.

Sim, captura ainda melhor que "24 horas", com suas fantasias neoconservadoras sobre terroristas que abrem a boca se Jack Bauer tocar no ponto certo. Dos dois seriados, "Battlestar" tem sido mais honesto quanto ao custo psicológico da guerra contra o terror. O seriado confronta questões espinhosas que brotam de uma sociedade lutando para preservar seu modo de vida: a eficiência do uso da tortura, a perda de direitos pessoais, o significado do patriotismo em uma nação sob cerco. Além disso, ele não se esquiva da questão que "24 horas" não ousaria levantar: nosso modo de vida ao menos vale a pena ser salvo?

"Battlestar Galactica" a todo momento encontra meios de desafiar as crenças do público - não se trata de uma ode ao pacifismo da mesma maneira como "24 horas" não se trata de uma declaração de guerra irresponsável do tipo "manda bala". No episódio piloto, a humanidade é praticamente erradicada pelos Cylons (ou Cilônios), uma raça de robôs que se rebela contra seus criadores humanos. Os únicos sobreviventes estão localizados em uma espaçonave chamada Battlestar Galactica; eles estão à salvo porque o comandante da nave, William Adama (Edward James Olmos), recusou-se afrouxar qualquer restrição de alerta de guerra. Adama é do tipo linha-dura, disposto a sacrificar liberdades pessoais no intuito de prover segurança ante uma ameaça iminente. E ele estava certo: no momento em que a raça humana baixou sua guarda, os Cylons atacaram.

Conforme a série se desenvolve, entretanto, os sobreviventes são colocados a refletir constantemente o preço de manter seus inimigos como prisioneiros, e até mesmo se vale a pena tê-los como reféns. O cenário futurista da série - quieto e sujo, ao contrário daquele descolado metálico e moderninho típico de ficção científica - ajuda a definir o palco para as intrigas criadas pelos roteiristas num drama de roer as unhas. "Battlestar Galactica" alcança o máximo da ficção científica: apresentar um mundo que não se parece em nada com o nosso e, ainda assim, nos fazer relembrá-lo com uma precisão de causar arrepios.

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