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Fora de formas
André - 30 julho 2011 - 02:12
Nunca me dei muito bem com formas geométricas. Até acho que elas são agradáveis ao olho, mas me indigna como, não satisfeitas em serem simples, tentam se definir através de incompreensíveis equações matemáticas, tal qual aquele sujeito que enche o texto de palavras bonitas na tentativa de criar uma profundidade que ali não existe. De qualquer jeito, elas fazem parte da nossa existência, e é inevitável que acabem inspirando algumas reflexões: Borges observou que, se Deus realmente existir, Ele (ou Ela, suas feministas de uma figa) existe na forma mais perfeita de todas, o círculo, onde todos os pontos são equidistantes do centro - e o argentino provavelmente teve esse insight ao perceber a formas magnífica como uma bola se mexia quando Di Stéfano a manipulava. Mas divago.

Partindo do princípio lógico de que Borges está certo em tudo pra sempre, podemos inferir que, se Deus é um círculo, o diabo deve ser seu exato oposto: um quadrado. Porque as duas formas acabam não sendo tão diferentes entre si (imagino que, pra ser o exato oposto de algo, um objeto deva ter semelhanças com esse algo; do contrário, não haveria como identificar que são exatamente opostos, apenas que não se parecem) e, ainda assim, tão díspares quanto um adolescente e o bom senso. Coloquem um em cima do outro e percebam que parece existir uma tênue unidade entre ambos. Quase dá a impressão de que vieram do mesmo lugar, sendo o quadrado nada mais do que um círculo brilhantemente mal desenhado e projetado. E até mesmo suas funções como adjetivos explicitam tal hipótese, sendo o círculo vinculado a algo perfeito ("esse post tá redondo") e o quadrado a algo extremamente convencional, no sentido pejorativo ("credo, esse post tá muito quadrado"). Inclusive eu poderia dizer que todas as outras formas geométricas são derivadas do quadrado (o retângulo é um quadrado com problemas de obesidade; o triângulo é um quadrado aparado; e assim por diante), mas convenhamos, chegar à conclusão de que "geometria é um inferno" não requer tanto raciocínio.

O grande problema disso é que associar o tinhoso ao quadrado obrigaria a uma penosa revisão da história e simbolismos dos últimos todos mil anos - Dante teria que trocar seus nove círculos do inferno por nove quadrados do inferno, pra começo de conversa. E, além da revolta armada dos puristas que não gostam de nenhuma mudança em obras clássicas, os adoradores do coisa-ruim o abandonariam porque não querem ser "quadrados" (afinal, ser quadrado é ser convencional), juntando-se à salvação cristã. Que, por sua vez, enxergaria no quadrado uma base muito mais sólida e representativa (podem dizer que um dos traços é a família, o outro é a religião, o outro é o café-da-manhã, e assim por diante) do que no círculo, mudando de lado também. O resultado seria não apenas perigoso, mas possivelmente catastrófico, dado o altíssimo número de pessoas em redes sociais que teriam que reafirmar suas crenças e status sociais através de frases de efeito. O mundo inteiro entraria em colapso, e provavelmente a última das guerras seria iniciada.

Portanto, a única forma de salvar o mundo é repudiar veementemente tudo que eu mesmo acabei de escrever. Doloroso, mas necessário. Então, para fins humanitários, declaro aqui que os três primeiros parágrafos deste post são fruto do mais puro fracasso intelectual: durante todo o desenvolvimento do assunto eu estava perfeita e redondamente enganado.
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