Falar que o espírito natalino está distorcido já é chover no molhado. Falar que natal é uma data comemorada muito mais pelo comercio do que pela família é tão clichê que parece papo de "pseudo-revolucionarista". Mas o que eu vi esta manhã na televisão me chocou de maneira tão brutal que me fez parar para pensar. Pensar e escrever aqui.
A garota propaganda do Carrefour apresentou um quadro em seu programa matinal da globo com a ajuda de seu patrocinador que elevou à máxima potência essa tendência comercial anti-harmônica que a data passou a apresentar.
O quadro consistia em uma corrida entre duas famílias dentro do supermercado. Pai, mãe e criançada deviam fazer um rancho de forma voluptuosa e compulsória - até aí nenhuma novidade. As compras deveriam somar R$4.000,00. Quem se aproximasse mais do valor, levaria tudo; a outra família devolveria os produtos.
Antes da conferência no caixa, os "repórteres" do programa entrevistaram os concorrentes:
"repórter": o que você conseguiu comprar aí? criança sorridente: um DVD!!!
Passando pelo caixa, a criança sorridente descobre que sua família não ganhou a competição. Seu sorriso começa a perder o brilho até que...
Até que a câmera corta para a festa da família vencedora. Natal! clima de festa! Alegria povo!!
Se já é difícil tirar presente de adulto, fico imaginando o feliz natal daquela criança sorridente que iria ganhar um DVD. Esse é só mais um exemplo verídico de como a exploração das emoções banaliza instituições outrora tão puras e belas quanto o Natal. Até tentei por a mão na consciência e calcular a minha proporção de culpa nesse cenário. Acho que boa parte da resposta está no que me fez parar o pensamento na hora: Minha irmã ligou para busca-la onde ela estava fazendo suas compras de fim de ano.
Ano novo é época de reflexão (não diga...), depois do programa deu vontade de refletir sim, mas de achar um modo de agir também! De fazer alguma coisa contra essa tendência de banalização do mundo em suas diversas facetas! Criticar e comentar, como estou fazendo agora já é um começo, mas não basta!
... acho que esse clima de festas deve ter impulsionado meu lado humano... talvez daqui um curtíssimo espaço de tempo eu ache metade do que estou escrevendo nesse momento um punhado de bobagens, mas eu tinha que escrever.